Guaidó admite intervenção militar dos EUA para acabar com crise humanitária na Venezuela

O opositor de Nicolás Maduro diz que há voluntários que podem ir às fronteiras recolher mantimentos essenciais à população, mas poderá solicitar ajuda militar externa.

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EPA/Leonardo Munoz

Juan Guaidó, o presidente da Assembleia Nacional venezuelana, afirmou esta sexta-feira que, se necessário, pode autorizar uma intervenção militar dos Estados Unidos para forçar Nicolás Maduro a abandonar o poder e a pôr termo à crise humanitária no país.

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Juan Guaidó, o presidente da Assembleia Nacional venezuelana, afirmou esta sexta-feira que, se necessário, pode autorizar uma intervenção militar dos Estados Unidos para forçar Nicolás Maduro a abandonar o poder e a pôr termo à crise humanitária no país.

“Nós faremos o que for necessário. Essa é, evidentemente, uma questão polémica, mas fazendo uso da nossa soberania, do exercício das nossas prerrogativas, faremos o que for necessário”, disse Guaidó, numa entrevista à AFP, depois de questionado se usaria os seus poderes legais como Presidente interino para autorizar uma possível intervenção militar.

Guaidó garantiu ainda que um grupo de voluntários irá às fronteiras abrir um “canal humanitário” caso o governo de Maduro se oponha à entrada de alimentos e medicamentos doados.

“Se eles se atreverem a continuar a bloquear as estradas, a continuar a dificultar a vida dos venezuelanos, então todos estes voluntários vão abrir um canal humanitário a seu tempo”, disse o líder da oposição, que em Janeiro se autoproclamou Presidente interino da Venezuela, durante uma sessão aberta da Assembleia Nacional em Caracas.

Guaidó anunciou que no sábado vai começar a “organização do mais nobre movimento”, numa alusão a uma rede de voluntários que reunirá pessoas que desejem trabalhar gratuitamente na distribuição de alimentos e medicamentos.

O líder do Parlamento explicou que esta rede de voluntários surgirá de todas as comunidades dos 335 municípios do país e que será outra forma de protestar contra a “ditadura” de Maduro, que nega a existência de uma crise humanitária e que afirmou que não vai permitir a “humilhação” de aceitar doações.

“Este apelo é alargado a todos os sectores, porque a um povo organizado nada o vence”, disse Guaidó, que disse haver 300 mil venezuelanos em risco de vida devido à deterioração do sistema de saúde no país.

Juan Guaidó acrescentou que a manifestação agendada para terça-feira vai decorrer “em todas as esquinas” da Venezuela, para a retirada de Maduro do poder e a entrada de ajuda humanitária no país.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de Janeiro, quando o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro. A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconhece Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

A repressão dos protestos contra o Governo desde 23 de Janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais. Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Na Venezuela residem cerca de 300 mil portugueses ou luso-descendentes.