Zénite, o bar que é um palco para artistas

As irmãs Ana Paula e Ester Figueiredo criaram em Arroios um espaço de partilha artística, de copos e petiscos.

Foto
Nuno Ferreira Santos

Em Arroios, há uma casa que é tanto um bar quanto uma casa de artistas e uma galeria de arte. Eis o Zénite Bar Galeria, que quer ser um espaço de partilha, tanto artística, como de copos e petiscos.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Em Arroios, há uma casa que é tanto um bar quanto uma casa de artistas e uma galeria de arte. Eis o Zénite Bar Galeria, que quer ser um espaço de partilha, tanto artística, como de copos e petiscos.

O nome Zénite, curiosamente, nasceu de uma história duplamente musical: deve tudo tanto a uns bilhetes para um concerto dos U2 como ao local onde se realizou o dito concerto. Estávamos em 1987 e uma das proprietárias deste recém-aberto bar alfacinha, Ana Paula Carmo, queria muito ir ver um espectáculo da banda irlandesa à célebre arena de concertos Le Zénith - em Paris, onde vivia. O desejo foi concretizado e esse momento, mais de três décadas depois, está no baptismo da casa, que Ana Paula abriu em conjunto com a irmã, Ester Figueiredo.

O nascimento do Zénite, explicam as irmãs, surgiu “da vontade de fazer algo diferente e com significado”. “Frustradas” com a profissão que exerciam, ambas professoras de Português e Francês, sentiram que “era mais do que altura” de avançarem para um projecto diferente. Como sempre estiveram ligadas às artes, decidiram abrir um espaço onde jovens artistas, de qualquer área, pudessem mostrar o seu trabalho. A filosofia? Não obterem qualquer lucro com isso e cederem o espaço gratuitamente. “A parte cultural é totalmente oferecida. Os copos, não!”, refere Ester, entre sorrisos.

Nascidas na vila de Pataias, cresceram entre a Marinha Grande e a Nazaré, e a ligação de ambas às artes aconteceu muito por culpa do avô, que recordam como um homem culto que gostava de complementar a arte com um bom copo, isto é, praticamente o conceito da nova casa das irmãs. O avô era “um bon vivant”, resume Ana Paula. E são muitos “bon vivants” que as irmãs querem na sua nova casa.

Foto
Nuno Ferreira Santos

Não é em vão que o Zénite não tem só “Bar” como apelido – tem também Galeria. É que a parte de galeria de arte está também muito destacada. É aqui que entra Mariana Sousa, a curadora da galeria, responsável por descobrir artistas e organizar as exposições.

Já nas artes maiores do bar manda a barmaid Petra Araújo, que assina e cria os cocktails de autor que estão em destaque na carta. Casos do White Zénite (gin, rum, lima, clara de ovo; 6€), o Zénite (gin, sumo de laranja, xarope de canela; 7€) ou o Sweet Zénite (tequila Patron XO Café, chocolate quente, chantilly ou natas; 8€). Para além de cafés, batidos, cerveja e vinho, o bar também oferece torradas e tostas (dos 2€ aos 5€) e ainda tábuas de carnes, queijos (6€) ou mistas (7€) para acompanhar.

Com as portas abertas apenas há três meses, o Zénite, dizem-nos, já conta com vizinhos que se tornaram amigos e clientes que são frequentadores assíduos. Talvez seja por proporem eventos tão diversificados quanto o público que atraem. Todos os meses mudam a exposição da galeria e a semana passa-se com algumas noites com motes diferentes: as quartas são dedicadas ao stand-up comedy – em colaboração com a escola Bang Produções; às quintas é dia de quizz; as sextas e/ou sábados são dias de concertos; aos domingos, há as Leituras de A a Zénite, onde qualquer pessoa é incentivada a partilhar obras, poemas ou textos de sua autoria.

Para breve, poderá ser possível encontrar outras actividades no calendário Zénite, já que, adiantam as proprietárias, estão a planear acolher espectáculos de cabaret ou dar destaque aos jogos de tabuleiro.

Foto
Nuno Ferreira Santos

Para quem quiser mostrar as suas artes – seja na galeria, a expor trabalhos, ou a actuar –, basta entrar em contacto com o Zénite e fazer a proposta. As irmãs, garantem-nos, estão sempre receptivas a novas propostas e iniciativas. “Queremos que os artistas se sintam grandes e que o seu trabalho seja visto e valorizado”, resumem.

Entre os copos, os petiscos e as artes, uma coisa é certa: os grandes motes da casa são, acima de tudo, o convívio e a troca de ideias.

Texto editado por Luís J. Santos