Governo de Taiwan demite-se após derrota nas eleições locais

É uma prática comum que o primeiro-ministro se demita na sequência de maus resultados eleitorais. Presidente Tsai deve apresentar um novo chefe de Governo nos próximos dias.

Foto
William Lai vai apresentar a demissão esta semana Reuters/TYRONE SIU

O primeiro-ministro de Taiwan, William Lai, apresentou esta quinta-feira a demissão, bem como a dos restantes elementos que compõem o Governo, na sequência da derrota do partido independentista nas eleições locais há dois meses.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O primeiro-ministro de Taiwan, William Lai, apresentou esta quinta-feira a demissão, bem como a dos restantes elementos que compõem o Governo, na sequência da derrota do partido independentista nas eleições locais há dois meses.

O insucesso eleitoral é um dos grandes desafios da Presidente Tsai Ing-wen, que tem enfrentado cada vez mais críticas ao seu programa de reformas, ao mesmo tempo que tem recebido ameaças da China, que reivindica o território da ilha.

A demissão de Lai era esperada. É uma prática comum em Taiwan a saída de líderes após derrotas eleitorais – em Novembro o Partido Democrático Progressista (DPP) teve uma pesada derrota face ao Kuomintang, o partido nacionalista que defende laços mais próximos com a China.

É também habitual que o Governo se demita em bloco quando o primeiro-ministro se afasta. “O tempo acabou. Vou convocar um conselho de ministros extraordinário para amanhã e apresentar a demissão ao lado de todo o Governo”, disse Lai aos jornalistas no Parlamento, acrescentando que Tsai aprovou a sua demissão.

Tsai, que também pertence ao DPP, deverá anunciar um novo primeiro-ministro e, de seguida, serão conhecidas as nomeações para os ministérios.

Em Taiwan cabe ao Presidente a nomeação do primeiro-ministro, que escolhe o Governo e gere os assuntos quotidianos da governação.

Os analistas dizem que Tsai, que terá eleições presidenciais dentro de um ano, terá que procurar apoio da opinião pública para a sua política em relação a Pequim e fazer crescer a economia da ilha, muito dependente das exportações, num ano marcado pela disputa comercial entre a China e os EUA.

Tensão com Pequim

O Presidente chinês, Xi Jinping, ameaçou recentemente recorrer à força para trazer Taiwan para o seu controlo e apelou à “reunificação” com a ilha. Desde que Tsai se tornou Presidente, em 2016, Xi tem aumentado a pressão sobre Taiwan.

Tsai disse que a sua Administração iria reflectir na ressaca da derrota eleitoral, mas garantiu que irá manter uma posição firme para defender a democracia de Taiwan face às novas ameaças.

Alguns dirigentes do seu partido pediram a Tsai que não se recandidate às eleições. Esta ainda não revelou se se recandidata nas eleições em 2020.

O mais recente episódio de tensão com a China está a afectar a economia taiwanesa, concluiu a agência de notação financeira Moody’s num relatório publicado esta semana.