Escavações a céu aberto, ruído e desvios de trânsito: o que Lisboa pode esperar das obras do metro

Ligação entre o Cais do Sodré e o Rato vai permitir criação de linha circular, com Estrela e Santos como novas estações. Metro prevê que ligação de 210 milhões de euros, que não chega aos 2 quilómetros, possa trazer mais 15 milhões de passageiros em 2023.

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Daniel Rocha

O concurso para a construção do prolongamento do metro de Lisboa entre o Cais do Sodré e o Rato e a criação das novas estações de Estrela e Santos é lançado esta quarta-feira, num investimento de 210 milhões de euros, apoiado por fundos comunitários.

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O concurso para a construção do prolongamento do metro de Lisboa entre o Cais do Sodré e o Rato e a criação das novas estações de Estrela e Santos é lançado esta quarta-feira, num investimento de 210 milhões de euros, apoiado por fundos comunitários.

Depois de concluída a obra de construção de um túnel com 1956 metros, vai ser possível realizar uma viagem entre o Cais do Sodré e o eixo central de Lisboa sem necessidade de transbordo.

Não tão satisfeitos estão os utentes da actual linha amarela a norte do Campo Grande (estações entre Quinta das Conchas e Odivelas), que vão ser obrigados a mudar de linha para poderem prosseguir viagem para o centro da cidade. A linha amarela vai ser desviada para Telheiras e os utentes vão assistir ao aumento do tempo de espera dos actuais 4 minutos para os 4 minutos e 15 segundos. 

Segundo o estudo de impacto ambiental (EIA), a nova linha circular verde terá um tempo de espera entre composições de 3 minutos e 50 segundos, inferior aos actuais 5 minutos e 35 segundos. Com a obra concluída vai ser necessário contratar oito maquinistas e 12 operadores comerciais. 

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Localização das novas estações e pontos de ventilação (PV) da nova linha circular do Metro de Lisboa. EIA

O Ministério do Ambiente e da Transição Energética, que tutela os transportes urbanos, prevê que as obras de expansão do metro de Lisboa tenham ainda início em 2019. Durante quatro anos (pelo menos) a capital vai ter de viver com desvios de tráfego rodoviário e também da Linha de Cascais, estaleiros a céu aberto e emissões de ruído e vibrações para a escavação do túnel e das estações.

Esta obra não tem sido consensual, pelos impactos que pode ter numa zona sensível geologicamente. Para a construção desta linha circular vai ser necessário, segundo o EIA, “remover grande parte da superfície da Avenida de 24 de Julho” que foi recentemente alvo de uma intervenção.

O túnel entre o Cais do Sodré e Santos vai ser executado em vala a céu aberto ​(no cruzamento entre a Avenida de Dom Carlos I e a Calçada Marquês de Abrantes, até ao edifício da EDP, na 24 de Julho), prevendo-se que os imóveis nas imediações das obras sejam afectados com “poeiras, gases e lamas” que podem “afectar a estabilidade fundacional e estrutural dos imóveis”. 

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EIA

O próprio documento, que analisa o impacto da obra, admite que possam vir a existir “danos ou eventuais colapsos” em troços do aqueduto e do chafariz da Esperança, que têm de ser “recuperados no final dos trabalhos”. O próprio jardim da Estrela é visto como uma zona sensível

Depois de pronta, a estação de Santos (com 25 metros de profundidade) vai servir o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), o Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing (IADE), bem como a Assembleia da República e as zonas residenciais e de diversão nocturna nas imediações.

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Futura estação de Santos. EIA

Para a execução do projecto vai também ser necessário proceder a algumas demolições: cinco totais e duas parciais. Diz o EIA, que as demolições são “fundamentalmente dentro do Quartel dos Sapadores Bombeiros de Lisboa, prevendo-se também demolições no antigo Hospital Militar Principal de Lisboa”.

A estação da Estrela, que “será bastante profunda”, vai ser construída no cimo da Calçada da Estrela, 54 metros abaixo do nível do solo. Esta estação estará doze metros mais abaixo do que a actual estação mais profunda do Metro de Lisboa: a estação da Ameixoeira. 

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Plano da futura estação da Estrela. EIA

Também o interface do Cais do Sodré vai sofrer obras de renovação e junto ao estádio de Alvalade vão decorrer trabalhos nos viadutos ali localizados.

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No Campo Grande os viadutos a oeste vão ser invertidos (o que vem de Odivelas passa a seguir para Telheiras e o que vem de Alvalade segue para a Cidade Universitária). EIA

Fonte do Ministério do Ambiente revela que a empreitada vai ter três fontes de financiamento: 83 milhões comparticipados pelo POSEUR — Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos, uma parte pelo Fundo Ambiental e outra com recursos próprios do Metropolitano, através da alienação de um terreno em Sete Rios.