Estudo prévio confirma estacionamento em cave no Rossio mas aumenta área verde

Primeira versão do projecto já foi dada a conhecer pelo gabinete do presidente da autarquia e aposta na musealização do achado arqueológico da Capela de São João.

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Adriano Miranda

Os estudos geotécnicos realizados na zona do Rossio, no centro de Aveiro, confirmaram “a possibilidade técnica de construção do estacionamento em cave”. A garantia acaba de ser dada pelo presidente da autarquia, Ribau Esteves, num comunicado em que dá nota das principais conclusões da primeira versão do estudo prévio do projecto de qualificação do Rossio, “depois de terem sido terminados os vários estudos de base, ponderados os vários contributos recebidos de cidadãos, e debatidas opções com a câmara municipal”, é realçado na nota. 

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Os estudos geotécnicos realizados na zona do Rossio, no centro de Aveiro, confirmaram “a possibilidade técnica de construção do estacionamento em cave”. A garantia acaba de ser dada pelo presidente da autarquia, Ribau Esteves, num comunicado em que dá nota das principais conclusões da primeira versão do estudo prévio do projecto de qualificação do Rossio, “depois de terem sido terminados os vários estudos de base, ponderados os vários contributos recebidos de cidadãos, e debatidas opções com a câmara municipal”, é realçado na nota. 

Passa, assim, a ser dada como certa uma das opções estratégicas que tem suscitado maior celeuma em torno do projecto. Já no que concerne à área verde, os muitos reparos lançados aquando da apresentação das ideias base acabaram por ser tidos em conta: as áreas verdes aumentam não só em relação ao inicialmente proposto, como também ao actualmente existente — dos actuais 6405 metros quadrados de jardim irá passar-se, segundo o estudo, para 6874 metros quadrados.

Ainda de acordo com a nota emitida por Ribau Esteves, a prospecção arqueológica realizada em simultâneo com os estudos geotécnico e de tráfego “confirmou a presença das fundações da Capela de São João (do século XVII), tendo sido terminados os trabalhos necessários para esta fase de projecto, ao mesmo tempo que a DRCC (Direcção Regional de Cultura do Centro) solicitou a suspensão dos trabalhos por discordar de alguns dos métodos de prospecção utilizados pelo arqueólogo responsável pelo trabalho”.

“O arqueólogo em causa apresentou, em devido tempo, o relatório solicitado pela DRCC, justificando os métodos utilizados e apresentando o estado do achado”, é justificado na mesma nota de imprensa - o achado vai agora, segundo a autarquia, ser tapado, para sua protecção, até ao início da sua reabilitação. 

A opção passará por “musealizar” o achado arqueológico da Capela de São João, “explorando a sua cota de implantação para fazer a relação entre o jardim do Rossio e a cave do parque de estacionamento, instalando-se um Centro de Interpretação do Achado e da História do Rossio (CIAHR)”, anuncia o autarca (PSD/CDS-PP). Será um espaço dedicado a contar “a história das várias vidas do Rossio - tendo como pretexto base os achados arqueológicos” - e irá estender-se para além da superfície, até à futura zona de cave onde ficará o parque de estacionamento, que pretende ser “também um grande salão ou praça coberta para a realização de eventos culturais”. 

Redução do tráfego e mais passeios

Vertida na primeira versão do estudo prévio está também a redução do tráfego nas ruas adjacentes ao Rossio em cerca de 40%, razão pela qual se irá avançar para “uma gestão de tráfego mais condicionada”, nomeadamente optando-se pelo sentido único entre a chamada zona das “Pontes” e o Rossio.

“O objectivo é vir a limitar o acesso ao Rossio apenas pela Ponte de São João”, adianta o autarca, notando que, para isso vai ser necessário capacitar a actual Ponte da Eclusa para esse aumento de tráfego. A ideia passa por construir uma nova travessia ao lado da estrutura existente – esta última passará a receber a circulação no sentido Norte/Sul e a nova ponte receberá o tráfego do sentido Sul/Norte. 

Esta primeira versão do estudo prévio aposta também num aumento “considerável” da área pedonal junto aos edifícios, “visando a existência de passeios largos junto à fachada urbana, melhorando as condições de conforto e segurança, assim como a possibilidade de instalação de esplanadas”. Junto ao canal Central e ao canal das Pirâmides, a área reservada a peões “vai manter-se larga, libertando-se dos obstáculos instalados na faixa de terreno que vai ocupar”, é ainda vincado em comunicado. 

E tal como tinha já sido anunciado, o projecto contemplará uma área central para acolher festas e concertos – “uma praça pavimentada com betão poroso pigmentado, estando a si agregadas áreas relvadas que se vão somar para a fruição de eventos”. 

Auscultação pública até ao próximo dia 25

O estudo prévio aponta para uma estimativa de custo de cerca de 8,6 milhões de euros (mais IVA). O financiamento, segundo revela Ribau Esteves, “será assegurado por um investidor privado como contrapartida da exploração do parque de estacionamento (será a maior parte do valor), assim como por Fundos Comunitários do Programa Regional Centro 2020.

O prazo de execução previsto é de 18 meses, sendo certo que ainda levará algum tempo até que a obra avance no terreno — só este estudo prévio ainda deverá vir a conhecer novas versões. O presidente da autarquia fez saber que, conforme assumiu “publicamente” irá sujeitar este documento a um período de audição pública, até ao próximo dia 25 — os cidadãos podem enviar os seus contributos através do email presidente@cm-aveiro.pt.

O movimento Juntos pelo Rossio, que tem desenvolvido, ao longo dos últimos meses, várias acções de luta contra o projecto - ainda recentemente entregou centenas de postais de Natal na câmara - foi apanhado de surpresa pela divulgação das principais conclusões do estudo prévio e os seus responsáveis têm reunião agendada para esta sexta-feira com o líder da autarquia. “Estamos tristes e desiludidos, porque andamos há meses a pedir respostas e sabemos das novidades pela comunicação social”, criticou José Guerra, um dos representantes do movimento cívico. E nem o facto de ser já dado como certo um aumento da área verde ajuda a atenuar a desilusão deste grupo de cidadãos. “Para já, são só números, ainda não há nenhum desenho em concreto”, reparou o mesmo responsável.