Aplicação de telemóvel detecta anemia através da imagem das unhas

A nova app é apresentada na edição desta semana da revista Nature Communications e usa a imagem das unhas para fazer uma estimativa dos níveis de hemoglobina no sangue.

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Robert Mannino

Uma equipa de investigadores desenvolveu um algoritmo que calcula a concentração de hemoglobina no sangue através da análise de uma imagem das unhas das mãos. O “teste” (ainda experimental) demora menos de um minuto e, segundo os autores do artigo publicado esta semana na revista Nature Communications, pode levar à substituição de exames laboratoriais baseados em amostras de sangue que actualmente são necessários para diagnosticar e monitorizar a anemia.

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Uma equipa de investigadores desenvolveu um algoritmo que calcula a concentração de hemoglobina no sangue através da análise de uma imagem das unhas das mãos. O “teste” (ainda experimental) demora menos de um minuto e, segundo os autores do artigo publicado esta semana na revista Nature Communications, pode levar à substituição de exames laboratoriais baseados em amostras de sangue que actualmente são necessários para diagnosticar e monitorizar a anemia.

Pelas mais variadas razões, desde um aumento das necessidades de ferro durante a gravidez até doenças do foro intestinal, hemorragias ou mesmo por causa de uma actividade física intensa, a anemia afectará cerca de dois mil milhões de pessoas no mundo. A anemia caracteriza-se por baixos níveis de hemoglobina, uma proteína que contém ferro presente nos glóbulos vermelhos e que permite o transporte de oxigénio pelo sistema circulatório.

“As abordagens clínicas existentes para medir os níveis de hemoglobina requerem equipamento especializado e representam compromissos entre meios invasivos, precisão, exigências de infra-estruturas e custo, todos eles problemáticos em ambientes rurais e com poucos recursos, onde a anemia é mais prevalente”, refere o resumo do artigo intitulado “Aplicação para smartphone para detecção não invasiva de anemia usando apenas fotos de pacientes”.

Wilbur Lam, investigador na área da engenharia biomédica e no campo das doenças relacionadas com o sangue na Faculdade de Medicina da Universidade de Emory, em Atlanta (EUA), coordenou o projecto que resultou numa simples aplicação de smartphone para um procedimento complexo. A partir de imagens da unha de cerca de uma centena de doentes com anemia, o investigador desenvolveu uma forma de reconhecer este problema. O utilizador da app apenas precisa de captar uma imagem das unhas das mãos e a leitura é feita em poucos segundos. No aparelho testado (para já, os investigadores só fizerem testes em apenas uma marca de smartphone mas pretender alargar o trabalho a outros equipamentos), o método demonstrou grande sensibilidade (cerca de 95%) e elevada precisão do diagnóstico relatam os autores no artigo.

Os cientistas falam num “novo paradigma de diagnósticos totalmente não invasivos” que pode ainda, com calibração personalizada, ajudar os doentes com anemia crónica a monitorizar os seus níveis de hemoglobina de forma instantânea e remota.

A equipa de investigadores sugere que a aplicação pode “permitir o rastreio da anemia em regiões sem equipamento especializado e pessoal treinado, e permitir que os pacientes com este problema monitorem seus níveis de hemoglobina remotamente em menos de um minuto”. Antes disso, será necessário, no entanto, realizar mais estudos, com mais participantes e outros smartphones para confirmar o alto nível de precisão do diagnóstico necessário para substituir o teste de anemia através do sangue. O sistema, concluem, “permite que qualquer pessoa com um smartphone faça o download de uma aplicação e detecte imediatamente a anemia em qualquer lugar e a qualquer momento”.