Papa demite mais dois bispos chilenos

Terramoto provocado pelo escândalo de abusos sexuais contra menores continua a abalar a Igreja chilena. Francisco afastou agora os bispos José Cox Heneeus, de 85 anos, e Marco Antonio Ordenes, de 54 anos.

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Decisão foi anunciada depois de um encontro entre Francisco e o Presidente chileno, Sebastian Piñera, no Vaticano Reuters/ALESSANDRO BIANCHI

Continua o terramoto na Igreja chilena provocado pelos escândalos de abusos sexuais a menores. Neste sábado, o Vaticano anunciou que o Papa Francisco “demitiu do estado clerical” os bispos José Cox Heneeus, de 85 anos, e Marco Antonio Ordenes, de 54 anos.

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Continua o terramoto na Igreja chilena provocado pelos escândalos de abusos sexuais a menores. Neste sábado, o Vaticano anunciou que o Papa Francisco “demitiu do estado clerical” os bispos José Cox Heneeus, de 85 anos, e Marco Antonio Ordenes, de 54 anos.

A informação foi divulgada em comunicado depois de um encontro entre Francisco e o Presidente chileno, Sebastian Piñera, no Vaticano, acrescentando-se que a decisão não é passível de recurso e que a mesma “é consequência de actos manifestos de abuso de menores”.

A decisão surge um dia depois do pedido de resignação do cardeal norte-americano Donald Wuerl  como arcebispo de Washington. Wuerl tem sido criticado pela forma como lidou com denúncias de abusos sexuais de padres entre 1988 e 2006, quando ocupava o cargo de bispo de Pitssburgh, no estado da Pensilvânia.

Um dos principais epicentros do escândalo global de abusos sexuais na Igreja, que provocou a sua maior crise em décadas, é o Chile. Em Maio, numa decisão sem precedentes, todos os 34 bispos chilenos apresentaram a sua demissão depois de três encontros com Francisco – o Papa aceitou três delas.

Em Setembro, o Sumo Pontífice demitiu também do estado clerical, reduzindo-o à condição de leigo, o ex-padre chileno Fernando Karadima, de 88 anos, que foi condenado por pedofilia.

Neste sábado, Francisco encontrou-se com Piñera numa reunião onde foi discutida “a dolorosa chaga do abuso de menores”, reafirmando-se o compromisso no combate a estes crimes e a sua ocultação.

Para adensar ainda mais a crise da Igreja chilena, a maior de sempre, o Ministério Público de Santiago anunciou, no final de Agosto, que o número de casos de abusos sexuais por parte de clérigos em investigação neste país triplicou de um mês para o outro, passando de 38 em Julho, para 119 no mês seguinte. Envolvidos nestes inquéritos estão 167 pessoas relacionadas com a Igreja e 178 vítimas, sendo que 79 eram menores na altura dos acontecimentos.