Arquivo, memória e etnografia: o Family Film Project está de volta

Sétima edição do festival decorre no Porto de 15 a 20 de Outubro. Há sessões de cinema, performances, instalações multimédia e masterclasses.

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A sétima edição do Family Film Project - Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Memória e Etnografia regressa ao Porto, de 15 a 20 de Outubro, trazendo sessões de cinema, performance, instalações multimédia e masterclasses.

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A sétima edição do Family Film Project - Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Memória e Etnografia regressa ao Porto, de 15 a 20 de Outubro, trazendo sessões de cinema, performance, instalações multimédia e masterclasses.

O evento, organizado pelo Balleteatro, vai decorrer no Cinema Passos Manuel, no Coliseu do Porto e no Maus Hábitos, e divide a sua programação em três "zonas temáticas", segundo a apresentação: Vidas e Lugares, focado num registo voyeurístico, biográfico ou documental", Memória e Arquivo e Ligações, esta última "centrada nas dinâmicas interpessoais e comunitárias".

Em competição estarão 14 filmes, em busca de receberem o Grande Prémio do Júri e o Prémio para Melhor Ficção, frente a um júri composto pela artista Gabriela Vaz Pinheiro, a socióloga norte-americana Paula Rabinowitz e a cineasta e dramaturga Regina Guimarães.

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Como explica a organização, as várias obras da secção competitiva destacam-se pela variedade, com "curtas" e "longas", filmes experimentais e documentários, e abordagens que passam pela crítica social, o home movie e "paisagens temáticas e etnográficas", além da diversidade de nacionalidades representadas.

Entre o programa competitivo estão obras de Andreia Pereira e Rita Manso, Tânia Dinis, com duas obras, ou José Carlos Teixeira, mas também do iraniano Iman Behroozi, a israelita Yekaterina Diakova ou a suíça Cosima Frei, entre outros. O certame acolhe ainda a longa-metragem Marias da Sé, realizado por Filipe Martins, um "híbrido entre o documentário e a ficção, protagonizado pela comunidade local da Sé do Porto", em estreia na cidade. O artista convidado é Daniel Blaufuks, que apresenta, a 19 e 20 de Outubro, quatro filmes experimentais que distam 12 anos entre si, de Sob Céus Estranhos, de 2002, a Como Se, filme de 2014, além de The Absence (2009) e Carpe Diem (2010).

Masterclasses gratuitas e oficinas

Entre os destaques da programação estão as masterclasses gratuitas dos norte-americanos Bill Nichols e Paula Rabinowitz, com a primeira marcada para dia 17, no Passos Manuel, e a segunda para dia 19, no mesmo local, conseguidas em parceira com o Instituto de Filosofia da Universidade do Porto. Nichols, crítico e teórico de cinema, vai dedicar-se a cenas de abertura de filmes, partindo sobre ideias de Roland Barthes e outros autores para reflectir sobre o tema.

Por sua vez, Rabinowitz, académica que tem trabalhado sobre as ligações entre cinema e fotografia, literatura e vários aspectos sociais, debruça-se sobre o próprio pai, e o pai do marido, durante o período da Guerra Fria. O uso de histórias pessoais e diários não publicados, em conjunto com registos públicos e a história das décadas de 1950 e 1960, levaram à criação do livro Cold War Dads: Fathers and the National Security State, que explora o papel dos dois homens. O registo, arquivo e memória do pai de Rabinowitz, engenheiro no Project Defender, programa de defesa de mísseis norte-americano na época, cruza-se com o do outro homem, investigado pelo FBI como espião comunista depois de trabalhar como editor e tradutor.

A sétima edição inclui ainda um diálogo significativo com o evento de 2017, uma vez que a sessão de abertura, pelas 21h30 de dia 15, no Passos Manuel, está reservada para o vencedor do ano passado, A Grande Nuvem Cinza", do brasileiro Marccelo Munhoz. Por outro lado, a publicação Unframing Archives, a partir de uma conferência da edição passada, será apresentada no dia 17, numa obra que reúne "um conjunto de ensaios e entrevistas sobre o cruzamento entre o cinema, as artes e o arquivo". A nova publicação inclui textos de Bill Nichols, Catarina Mourão, Miguel Leal ou Péter Forgács, entre outros, numa parceria com o Instituto de Filosofia da Universidade do Porto.

O serviço educativo do Balleteatro criou uma oficina complementar para os mais novos, enquanto o Maus Hábitos recebe um ciclo de performances, Private Collection, com trabalhos de Joana Craveiro, Jorge Gonçalves e Bonneville, além de várias instalações vídeo construídas a partir de filmes da programação.