Vodafone Paredes de Coura, o festival que “não tem mais por onde crescer” mas quer continuar a melhorar

Até sábado, a praia fluvial do Taboão recebe a 26.ª edição de um festival que, mantendo a mesma linha, tenta renovar-se todos os anos: desta vez, as novidades estão nas áreas de restauração e de descanso, mas também no campismo.

Foto
PAULO PIMENTA

O cartaz já há vários meses que é conhecido. Marcado por regressos de peso e pela aposta em bandas com potencial para se afirmarem, o alinhamento desta 26.ª edição do festival Vodafone Paredes de Coura, que começa esta quarta-feira, revela que a linha do festival se mantém inalterada: nesse departamento, não se mexe muito para não estragar um trabalho de 25 anos que serviu de porta de entrada em Portugal para bandas como os Arcade Fire, que regressam este ano com a missão quase impossível de igualar a actuação de 2005, quando serviram de banda sonora para o pôr-do-sol mais memorável do festival.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O cartaz já há vários meses que é conhecido. Marcado por regressos de peso e pela aposta em bandas com potencial para se afirmarem, o alinhamento desta 26.ª edição do festival Vodafone Paredes de Coura, que começa esta quarta-feira, revela que a linha do festival se mantém inalterada: nesse departamento, não se mexe muito para não estragar um trabalho de 25 anos que serviu de porta de entrada em Portugal para bandas como os Arcade Fire, que regressam este ano com a missão quase impossível de igualar a actuação de 2005, quando serviram de banda sonora para o pôr-do-sol mais memorável do festival.

Entretanto, passaram 13 anos. A banda não é a mesma, o público que lá estava também estará diferente, e, sejamos realistas, a história é cíclica, mas nada se repete. Ainda assim, esperam todos os que têm medo de mexer numa memória que não querem ver manchada sair desta edição com mais um capítulo para juntar a uma história que começou há mais de uma década.

Mas se o ADN do festival se mantém inviolável, também se mantém a mesma inquietude de querer entregar este organismo vivo ao público com adornos actualizados e adequados às necessidades que vão sendo detectadas em cada edição que passa. E é por isso que este ano a organização tenta dar mais um passo em frente nesse sentido: há algumas novidades, sobretudo para proporcionar maior conforto a quem se desloca a Paredes de Coura.

João Carvalho, um dos directores do festival, destaca o alargamento da área de restauração, que não só cresce em oferta como também cresce em número de zonas: se até 2017 existia apenas uma, este ano passam a ser três os locais onde se pode parar para uma refeição, espalhados pelo recinto. “O objectivo é que não se concentre toda a gente no mesmo espaço. Por isso, criámos mais duas alternativas”, explica. Numa delas será possível provar pratos cozinhados por um chef.   

Outra novidade é a área de descanso que vai nascer na lateral direita do palco principal, da perspectiva de quem desce o anfiteatro reservado ao público. “Entrámos na floresta, obviamente sem cortar qualquer árvore”, sublinha João Carvalho. Ali foi criada uma zona com bancos de jardim e “espaços de repouso e de bem-estar”. Pretende a organização permitir que as pessoas possam usufruir do festival “nunca perdendo o contacto auditivo e até visual” com o palco.

Houve também um investimento para melhorar a rede de esgotos. Dentro do recinto, 50% das casas de banho passam a estar ligadas à rede, assim como algumas das que servem o parque de campismo, onde mesmo antes do arranque do festival já muitos estão acampados. E cabem lá aproximadamente 17 mil pessoas. “Também aumentou a capacidade”, diz este director do Vodafone Paredes de Coura.

Os campistas disporão também de “melhores acessos” e de um serviço de limpeza reforçado, que se estende às casas de banho: "Vão ter uma limpeza nunca vista." Por lá andará ainda uma equipa com a missão de sensibilizar os festivaleiros para “a protecção da natureza”.

A música continua

Já a música não se vai esgotar no último dia do festival. Pela primeira vez, os concertos continuarão no Palco Jazz, junto ao rio? na despedida habitualmente reservada para desmontar o acampamento. “O dia a seguir ao do encerramento é sempre um dos mais tristes. Para amenizar essa despedida, decidimos que vamos ter música durante todo o dia de domingo para quem queira ficar mais um bocado ou adiar a partida”, adianta João Carvalho ao PÚBLICO em primeira mão.

Como habitualmente, será ali que decorrerão este ano as actividades paralelas: está de regresso o Vozes de Escrita, que na quinta-feira junta António Zambujo, Manuela Azevedo e Sara Carinhas. No dia seguinte, passam por lá o escritor angolano José Eduardo Agualusa e o também angolano Kalaf Epalanga, músico dos Buraka Som Sistema e cronista, que em 2017 se estreou na literatura com o romance Também os Brancos Sabem Dançar. E, também na praia fluvial, continuam a estar disponíveis para download gratuito cerca de 40 obras da literatura portuguesa.

De regresso estão também as Music Sessions, que levam a áreas fora do recinto algumas das bandas escaladas para esta edição. Os concertos “secretos” são anunciados na aplicação oficial do evento.

O último dia do Vodafone Paredes de Coura, sábado, aquele em que tocam os Arcade Fire, já está esgotado. Para os outros ainda existem bilhetes diários. Quem quiser ver os canadianos terá mesmo de comprar o passe geral. João Carvalho adianta estar-se a um passo de se atingirem os números do ano passado – cerca de cem mil pessoas. Uma média para ser mantida num festival que “já não quer crescer porque também já não tem como, mas que quer continuar sempre a melhorar”.