O pigmento biológico mais antigo do mundo é rosa

Moléculas fossilizadas de clorofila com mais de 1000 milhões de anos foram encontradas num depósito de xisto no deserto do Sara.

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Uma equipa de cientistas descobriu o pigmento biológico mais antigo do mundo, com 1100 milhões de anos. O pigmento, de cor rosa, foi descoberto num depósito de xisto no deserto do Sara, na bacia Taoudeni, que fica na Mauritânia. A descoberta foi feita por investigadores da Universidade Nacional da Austrália (UNA) e foi publicada nesta segunda-feira na revista científica PNAS

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Uma equipa de cientistas descobriu o pigmento biológico mais antigo do mundo, com 1100 milhões de anos. O pigmento, de cor rosa, foi descoberto num depósito de xisto no deserto do Sara, na bacia Taoudeni, que fica na Mauritânia. A descoberta foi feita por investigadores da Universidade Nacional da Austrália (UNA) e foi publicada nesta segunda-feira na revista científica PNAS

“Os pigmentos cor-de-rosa vivo são moléculas fossilizadas de clorofila produzidas por antigos organismos fotossintéticos que habitavam um oceano há muito desaparecido”, afirmou Nur Gueneli, investigadora da UNA, citada num comunicado daquela universidade. Estes organismos eram cianobactérias, bactérias que, tal como as plantas, realizam fotossíntese e que ainda hoje existem. Quando concentrados, os pigmentos descobertos agora apresentam uma coloração entre o roxo e o vermelho choque. Mas na forma diluída, a cor é de um rosa vivo. Esta descoberta representa um recorde geológico, uma vez que estes pigmentos são 500 milhões de anos mais velhos do que os descobertos até agora.

Para analisar e extrair as moléculas destes pigmentos, os cientistas tiveram de esmagar as rochas até que estas ficassem em pó. Esta análise veio a revelar-se fundamental, pois demonstrou “que as cianobactérias dominavam a base da cadeia alimentar há 1000 milhões de anos, o que ajuda a explicar a ausência de animais naquele tempo”, disse Nur Gueneli. As cianobactérias não possuem o mesmo valor nutritivo das algas. "As algas, ainda que apresentem um tamanho microscópico, são centenas de vezes maiores em volume do que as cianobactérias, e são uma fonte de alimento muito mais rica", explica Jochen Brocks, professor da ANU.

Estes oceanos ricos em cianobactérias começaram a desaparecer há 650 milhões de anos. Esta mudança fez com que as algas se estabelecessem e proliferassem, providenciando a fonte energética necessária para a evolução de formas de vida maiores e mais complexas.