Ministro para o "Brexit" demite-se em ruptura com Theresa May

Nova crise política em Londres coloca em dúvida a estratégia britânica nas negociações com Bruxelas e põe em causa a liderança de May.

Foto
David Davis LUSA/ANDY RAIN

O ministro britânico responsável pela pasta da saída do Reino Unido da União Europeia, David Davis, demitiu-se na noite de domingo em ruptura com a primeira-ministra Theresa May. Davis, de 69 anos, é um eurocéptico nomeado há dois anos por Downing Street, e não sai sozinho: como ele demitem-se também Steven Baker e Suella Braverman, até aqui adjuntos de Davis, que explica a demissão dele numa carta enviada a Theresa May. No essencial, Davis discorda do acordo de Governo para um "Brexit" suave, anunciado 48 horas antes destas três demissões, com o argumento de que "largas faixas da economia [britânica] serão controladas pela União Europeia". A estratégia de Downing Street "precisa de um entusiasta e não de um relutante recruta", escreve Davis, que abre assim uma nova brecha no Governo britânico. Não faltam vozes a defender que chegou a hora de a própria primeira-ministra deixar o cargo.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O ministro britânico responsável pela pasta da saída do Reino Unido da União Europeia, David Davis, demitiu-se na noite de domingo em ruptura com a primeira-ministra Theresa May. Davis, de 69 anos, é um eurocéptico nomeado há dois anos por Downing Street, e não sai sozinho: como ele demitem-se também Steven Baker e Suella Braverman, até aqui adjuntos de Davis, que explica a demissão dele numa carta enviada a Theresa May. No essencial, Davis discorda do acordo de Governo para um "Brexit" suave, anunciado 48 horas antes destas três demissões, com o argumento de que "largas faixas da economia [britânica] serão controladas pela União Europeia". A estratégia de Downing Street "precisa de um entusiasta e não de um relutante recruta", escreve Davis, que abre assim uma nova brecha no Governo britânico. Não faltam vozes a defender que chegou a hora de a própria primeira-ministra deixar o cargo.

A saída de Davis, que já tinha ameaçado por mais de uma vez deixar o cargo, acontece agora dois dias depois de May ter conseguido o acordo dos membros do seu próprio Executivo para um chamado ‘Brexit' “suave”, e que prevê a criação de uma zona de comércio livre entre o Reino Unido e a UE para bens industriais e agrícolas, bem como a aceitação por parte de Londres de uma consequente harmonização com as regras de Bruxelas. Esse acordo de May, alcançado ao cabo de 12 horas de reunião na sexta-feira, foi mal recebido pela ala eurocéptica do Partido Conservador.

"É possível que eu esteja errado e você esteja certo", escreve Davis, não abdicando porém da opinião de que o acordo obtido em Chequers, na casa de campo de Theresa May, na sexta-feira, "cristalizou o problema" que os eurocépticos identificam nesse acordo e que Davis explicita na carta: "na melhor das hipóteses, [o Reino Unido fica] numa fraca posição negocial" dos termos de saída da União Europeia.

Jacob Rees-Mogg, líder do European Research Group, poderoso grupo de deputados tories eurocépticos, qualificou o ‘Brexit’ “suave como um ‘Brexit’ “punitivo” para Londres, que no seu entender mantém o Reino Unido na UE “em tudo menos no nome”. E anunciou que iria chumbar a ratificação do acordo.

May tinha já agendada para segunda-feira uma reunião com o grupo parlamentar conservador. A expectativa, agora, é de que algo mais do que o "Brexit" possa estar na agenda do encontro. Respondeu também por escrito à demissão de davis, lamentando que ela tenha acontecido "quando já há tantos progressos rumo a um 'Brexit' suave e com sucesso". Depois de resumir em 12 pontos o acordo de Chequers, May sustenta que esse documento negociado com todos os ministros "é consistente com o mandato do referendo" que ditou o "Brexit" e rejeita a ideia defendida por Davis de que o Parlamento britânico não terá qualquer controlo real. "O Parlamento irá decidir se apoia ou não o acordo que o Governo vier a negociar [com a UE] e esse acordo significa sem dúvida o regresso de poderes da União Europeia para o Reino Unido", escreve May.