Itália quer apreender dois barcos que navegam no Mediterrâneo com migrantes

Salvini acusa as embarcações de organizações humanitárias de operarem de forma ilegal e está a pressionar Malta para aceitar receber um dos barcos.

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Reuters/HANDOUT

O Governo italiano ameaçou apreender duas embarcações que transportam centenas de migrantes resgatados no Mar Mediterrâneo, e pede a Malta para os aceitar. Roma diz que funcionam de forma ilegal, mas compromete-se a acolher os requerentes de asilo - desde que possa travar actividades futuras das organizações não governamentais (ONG) que os operam.

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O Governo italiano ameaçou apreender duas embarcações que transportam centenas de migrantes resgatados no Mar Mediterrâneo, e pede a Malta para os aceitar. Roma diz que funcionam de forma ilegal, mas compromete-se a acolher os requerentes de asilo - desde que possa travar actividades futuras das organizações não governamentais (ONG) que os operam.

O cenário que envolveu a recusa de Itália em receber o Aquarius, que transportava mais de 600 pessoas, ameaçava repetir-se depois de Roma ter recusado na quinta-feira abrir os portos para o Lifeline. Mas o Governo – uma coligação entre populistas eurocépticos do Movimento 5 Estrelas e a extrema-direita da Liga – parece ter alterado a sua estratégia.

Confrontado com a aproximação de mais duas embarcações operadas por organizações humanitárias, o ministro do Interior, Matteo Salvini, tinha dito, de forma irónica, para atracarem na Holanda – uma referência ao país em que os dois barcos estão registados. Mas o responsável pelos transportes, Danilo Toninelli (do 5 Estrelas), que supervisiona a guarda costeira, garantiu que Itália iria receber os migrantes.

“Iremos assumir a generosidade e responsabilidade humanitária de salvar estas pessoas e transportá-las em barcos da guarda costeira italiana”, disse o ministro num vídeo publicado no Facebook.

Salvini voltou a tomar a iniciativa e esta sexta-feira de manhã admitiu receber os 224 migrantes a bordo do Lifeline, mas disse que os barcos seriam “apreendidos” e a tripulação detida. Antes disso, porém, o ministro e líder da extrema-direita pressionou Malta a receber os migrantes.

“Pela segurança da tripulação e daqueles que foram resgatados, pedimos humana e politicamente a Malta para que abra um dos seus portos, e apreenda o barco e a tripulação”, disse Salvini, durante um discurso em Siena.

As autoridades maltesas dizem não ter recebido qualquer pedido de ajuda do barco nem da guarda costeira italiana, de acordo com a Reuters. O Governo espanhol disse estar disponível para prestar "apoio humanitário" a Malta para receber a embarcação.

O novo episódio que volta a colocar embarcações com migrantes a bordo no Mediterrâneo num impasse acontece a dois dias da mini-cimeira que pretende juntar os líderes dos países europeus mais afectados pela crise dos refugiados. O objectivo do encontro convocado pela Alemanha é acertar um plano conjunto para apresentar durante o Conselho Europeu da próxima semana.

cada vez menos embarcações de ONG no Mediterrâneo a socorrer os migrantes que continuam a tentar fazer a travessia entre a Líbia para chegar a um porto europeu, desde que no ano passado a Itália fez um acordo de colaboração com a guarda costeira e passou a exigir às ONG que assinassem um "código de conduta" que limitava as suas operações.