FEST começa esta segunda-feira em Espinho com mais de 240 filmes a exibir durante uma semana

Edição deste ano tem por tema Fronteiras: abre com a longa-metragem Homes, do francês Vladimir Fontenay, e tem em Lupo, de Pedro Lino, o único filme português a concurso.

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O documentário Lupo, de Pedro Lino, é o único filme português a concurso em Espinho DR

A 14.ª edição do FEST - Festival Novos Realizadores Novo Cinema arranca esta segunda-feira em Espinho, com mais de 240 filmes em toda a programação, que inclui ainda um programa de formação e várias actividades paralelas.

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A 14.ª edição do FEST - Festival Novos Realizadores Novo Cinema arranca esta segunda-feira em Espinho, com mais de 240 filmes em toda a programação, que inclui ainda um programa de formação e várias actividades paralelas.

Subordinado ao tema Fronteiras, o festival abre este ano com Mobile Homes, longa-metragem de estreia do francês Vladimir Fontenay, que abriu a Quinzena dos Realizadores na última edição do Festival de Cannes, pelas 21h00 no auditório do Centro Multimeios.

O filme, que acompanha uma jovem mãe "que deambula em vários motéis com o filho de oito anos e um namorado toxicodependente", até o trio descobrir "uma comunidade de casas pré-fabricadas" que se revela "uma alternativa de vida", conta com Imogen Poots e Callum Turner, nos principais papéis.

Na luta pelo Lince de Ouro, prémio atribuído a longas-metragens documentais ou de ficção que sejam primeiras ou segundas obras, estará também Winter Brothers, do islandês Hlynur Palmason, premiado no Festival de Locarno.

O documentário Lupo, de Pedro Lino, é o único filme português a concurso, que tem ainda Photon, do polaco Norman Leto, Killing Jesus, de Laura Mora, e Blockage, um olhar sobre Teerão por Mohsen Gharaei.

Também incluídos no lote de 11 filmes estão Das Fest - Impreza, obra documental da alemã Alexandra Wesolowski, Lemonade, da romena Joana Uricaru, e a comédia negra I'm Not a Witch, da realizadora de nacionalidade zâmbia e galesa Rungano Nyoni, distinguida nos últimos Prémios BAFTA (Melhor estreia) da Academia Britânica de Cinema e Televisão.

"O tema deste ano do festival é fronteiras, e sentimos que tudo isto que se passa no mundo, hoje em dia, em todas as suas partes, é algo com muito forte presença no trabalho destes novos realizadores", disse à Lusa o director do FEST, Filipe Pereira.

A "visão social destes autores é uma visão heterogénea", sublinhou o responsável, mas tem "um fio condutor de como a nova geração vê o mundo", como em Sand and Blood, documentário feito através de vídeo publicados no YouTube sobre a guerra na Síria e no Iraque. O filme realizado pelos austríacos Angelika Spangel e Matthias Krepp também compete pelo Lince de Ouro, cuja lista final inclui igualmente a estreia como realizadora da actriz suíça Lisa Bruhlmann, com Blue My Mind.

À margem das várias secções da competição principal, decorrem ainda várias outras actividades, como sessões de cinema na praia ou o FESTinha, dedicado a cinema para famílias e para os mais novos, o Grande Prémio Nacional, para curtas-metragens nacionais, um outro prémio para realizadores recém-graduados (NEXXT) e o foco sobre o cinema japonês, austríaco e sueco.

Na secção de retrospectiva, Be Kind Rewind, Filipe Pereira assumiu que o destaque para a Coreia do Norte é um desejo de "há muito tempo", e tem agora "um acréscimo de interesse curioso", pelo encontro de Kim Jong-Un com Donald Trump.

"Estamos a falar do único país do mundo em que era obrigatório por lei ir ao cinema, e tem algumas particularidades, sobretudo pela parte da propaganda. Teremos, por exemplo, versões norte-coreanas de clássicos do cinema, como Titanic. É uma janela para o cinema desse país e dessa sociedade, até porque serão apresentados filmes de épocas diferentes".

Por outro lado, o habitual programa de oficinas, masterclasses, conferências, palestras e debates sobre as várias áreas ligadas ao cinema, Training Ground, reúne este ano em Espinho o produtor norte-americano Roman Coppola, filho de Francis Ford Coppola, a italiana Gabriella Cristiani, editora galardoada com um Óscar pelo trabalho de montagem de O Último Imperador (1987), de Bernardo Bertolucci, e o cineasta iraniano Asghar Farhadi, que abriu o último Festival de Cannes com o filme Todos Lo Saben. O realizador, de 46 anos, já recebeu dois Óscares de Melhor Filme Estrangeiro, primeiro, em 2012, por Uma Separação, e depois, em 2017, por O Vendedor. Farhadi é um dos nomes mais premiados entre os convidados e intervenientes do festival.

Tendo lugar em quatro espaços distintos da cidade de Espinho, em particular no Centro Multimeios, a edição de 2018 do FEST, a decorrer entre esta segunda-feira e o próximo dia 25, visa assim exibir e premiar "alguns dos mais inovadores e essenciais trabalhos lançados nos últimos 12 meses", em cerca de 40 países, entre os quais se incluem filmes de "mais de 50 escolas de cinema", de diferentes nacionalidades.