Membro do Governo demite-se devido à condução do "Brexit" e aumenta pressão sobre May

O secretário de Estado da Justiça, Phillip Lee, diz que a forma como Londres tem conduzido o processo não tem em conta os interesses dos cidadãos. Demissão surge antes de votações decisivas para o Governo de Theresa May.

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Reuters/PETER NICHOLLS

O secretário de Estado da Justiça britânico, Phillip Lee, demitiu-se nesta terça-feira em protesto pela forma como o Governo de Londres está a conduzir o processo de saída da União Europeia. A saída deste amigo pessoal da primeira-ministra Theresa May da equipa surge pouco tempo antes de importantes votações no Parlamento sobre a lei do “Brexit”.

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O secretário de Estado da Justiça britânico, Phillip Lee, demitiu-se nesta terça-feira em protesto pela forma como o Governo de Londres está a conduzir o processo de saída da União Europeia. A saída deste amigo pessoal da primeira-ministra Theresa May da equipa surge pouco tempo antes de importantes votações no Parlamento sobre a lei do “Brexit”.

Lee, que esteve contra o “Brexit” durante o referendo de 2016, afirmou estar “incrivelmente triste” pela decisão mas defendeu que a política do Governo britânico relativamente à saída da União Europeia não está a defender os interesses dos cidadãos.

“A principal razão da minha decisão é o processo do ‘Brexit’ e o desejo do Governo em limitar o papel do Parlamento em contribuir para o resultado final numa votação que tem lugar hoje”, disse, num comunicado publicado no seu site.

“Para, no futuro, olhar os meus filhos nos olhos e dizer com honestidade que dei o meu melhor por eles, não posso, em consciência, apoiar a forma como a saída do nosso país da UE se prepara”, acrescenta.

Nesta terça-feira e amanhã vão decorrer importantes votações sobre a lei do “Brexit”, sendo que o executivo propõe que a Câmara dos Comuns retire 15 emendas aprovadas na Casa dos Lordes que prevêem maiores poderes dos deputados relativamente ao desfecho das negociações entre Londres e Bruxelas.

“É de uma importância fundamental que o Parlamento tenha uma voz que possa influenciar o resultado final [das negociações] no interesse das pessoas que serve”, disse  Lee, falando em negociações “muito precipitadas” por parte de Londres.

Apesar de relativamente desconhecido da generalidade do público, o anúncio de Lee, que é também deputado, aumenta o espectro de uma rebelião no seio do Partido Conservador nas votações e de uma derrota para May. A comunicação social britânica tem avançado que são cada vez mais os deputados conservadores que planeiam votar contra a posição do executivo.

Se as propostas do Governo forem rejeitadas, a primeira-ministra sofre uma pesada derrota e enfraquece a sua posição nas difíceis e complexas negociações sobre o “Brexit”. Por outro lado, a posição dos deputados fica reforçada, ficando estes com uma palavra sobre o desfecho do processo.

“Em consciência, não posso apoiar a decisão do Governo de se opor a estas emendas, porque isso viola princípios fundamentais de direitos e soberania parlamentar”, explicou Lee.

Como explica o Guardian, a demissão de Lee pode ter “consequências a longo-prazo”, pois pode contribuir para que outros deputados, que se mantiveram na dúvida relativamente ao seu sentido de voto, avancem para a rejeição da posição de May.

“Mas as acções têm consequências, e alguns nas bancadas conservadoras que partilham os pontos de vista [de Lee], particularmente aqueles sem a responsabilidade de um papel ministerial, vão agora sentir-se encorajados”, escreve a jornalista Pipa Credar no Guardian.