Dez autocarros explodiram em Roma desde o início do ano

A população e as autoridades locais culpam a concessionária de transportes Atac por falta de manutenção. Em 2017, 22 autocarros explodiram na capital italiana.

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Um autocarro incendiou-se, nesta terça-feira, no centro histórico de Roma, em Itália. É a décima explosão destes veículos na capital italiana desde o início do ano, o que levou o Ministério Público a abrir uma investigação.

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Um autocarro incendiou-se, nesta terça-feira, no centro histórico de Roma, em Itália. É a décima explosão destes veículos na capital italiana desde o início do ano, o que levou o Ministério Público a abrir uma investigação.

O autocarro número 63, de transporte de passageiros, explodiu na Via del Tritone, uma rua bastante movimentada perto da famosa Fontana di Trevi, não havendo registo de feridos, de acordo com o jornal britânico The Guardian. Apenas dois estabelecimentos comerciais, situados junto ao local, ficaram danificados.

A explosão terá sido causada por um curto-circuito, porém, os turistas inicialmente suspeitaram de terrorismo. “Houve um ruído alto e toda a gente começou a fugir como loucos quando não perceberam o que estava a acontecer”, avançou o jornal italiano Il Messaggero, com sede na Via del Tritone. “Nós pensamos que era uma bomba”, disseram ao mesmo jornal turistas japoneses citados pelo The Guardian.

A Atac, empresa responsável pelos transportes públicos, é acusada de má administração, escândalos de corrupção e de falta de investimento na sua frota envelhecida. A concessionária, que alegadamente enfrenta um monte de dívidas, é criticada por falhas na manutenção, sendo que 36% dos seus autocarros estão parados porque aguardam reparação, de acordo com um relatório interno. Em 2017, um ex-dirigente da Atac disse, segundo a agência Reuters, que a empresa teria cerca de 1,3 mil milhões de euros em dívidas e que deveria declarar insolvência.

Uma frota extremamente velha

As explosões de autocarros em Roma são bastante frequentes, contabilizando-se já dez incêndios do género desde o início de 2018, face a 22 explosões em 2017 e 14 em 2016. Nenhuma causou quaisquer vítimas. Os casos desencadearam uma onda de indignação junto da população local, com os moradores a sugerirem que o transporte público representa uma maior ameaça à sua segurança do que o próprio terrorismo.

O ministro do Interior, Marco Minniti, visitou o local da explosão desta semana, junto com a vereadora com o pelouro dos transportes, Linda Meleo. A vereadora esclareceu que, desde a eleição da actual autarca, Virginia Raggi, em Junho de 2016, foram colocados 200 novos autocarros em circulação, de acordo com o The Guardian. Virginia Raggi, do Movimento 5 Estrelas, por outro lado, afirmou que uma grande parte da frota não se encontra nas melhores condições. “Investigações estão em curso para estabelecer a causa [da explosão]. O ponto real é que a frota da Atac é extremamente velha. O autocarro que se incendiou tinha 15 anos", esclareceu esta autarca, numa citação do The Guardian.

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LUSA/MASSIMO PERCOSSI

A Atac destacou que nenhum passageiro tinha ficado ferido e que o número de incidentes diminuiu desde o ano passado, mas admite que a sua frota “infelizmente tem uma idade média muito elevada”, em comunicado citado pela BBC. Porém, há quem acredite que é apenas uma questão de tempo até que haja vítimas. “Todos os dias há um risco maior”, explicou à BBC o consultor de transportes Fabio Rosati, acrescentando que é necessário um “plano urgente” para substituir os autocarros.

Em Março deste ano, os sindicatos tinham já alertado para os riscos que isto comporta para os passageiros. “Os serviços da Atac não são seguros. Os motoristas só precisam de rezar para que nada aconteça e nós não queremos pensar no que pode acontecer quando chegar o calor porque, se esperarmos que a autoridade resolva o problema, estaremos em apuros. Ou, de facto, incinerados”, disse ao jornal Roma Today Claudio De Francesco, secretário da federação sindical Faisa-Confail, citado pela BBC News.

O incêndio começou na traseira do autocarro, tendo-se depois alastrado até causar uma explosão. Os bombeiros e as autoridades policiais foram destacados para o local, como mostra um vídeo publicado na rede social Twitter pela estação televisiva italiana Sky TG24.