Carlos Mendes dá uma nova sonoridade à Festa da Vida, agora renascida em disco

Primeiro disco do cantor e compositor Carlos Mendes em duas décadas, A Festa da Vida chega hoje às lojas. Os originais virão depois.

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Dois anos depois da estreia da digressão A Festa da Vida, no Tivoli, Carlos Mendes lança um disco com o mesmo nome em resultado dessa experiência. É o seu primeiro disco em duas décadas, desde que lançou Coração de Cantor (Lusogram, 1999). E é também o fixar do novo som que abraçou: “A base são dois pianos, acústico e eléctrico, e um violoncelo. Mas juntámos, em algumas músicas, um quarteto de cordas. E uma bateria muito soft.” A linha de baixo é assegurada nas teclas do piano eléctrico.

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Dois anos depois da estreia da digressão A Festa da Vida, no Tivoli, Carlos Mendes lança um disco com o mesmo nome em resultado dessa experiência. É o seu primeiro disco em duas décadas, desde que lançou Coração de Cantor (Lusogram, 1999). E é também o fixar do novo som que abraçou: “A base são dois pianos, acústico e eléctrico, e um violoncelo. Mas juntámos, em algumas músicas, um quarteto de cordas. E uma bateria muito soft.” A linha de baixo é assegurada nas teclas do piano eléctrico.

Quanto aos temas, não foram gravados originais (embora no espectáculo ele os cantasse) porque Carlos Mendes quis que este trabalho marcasse uma fronteira entre o que ficou para atrás e um novo começo. “Pegou-se em canções antigas e revisitou-se, com novos arranjos.” Assim, além de A festa da vida (com que ganhou o Festival da Canção em 1972), foram regravadas Alcácer que vier (1976), Amélia dos olhos doces (1977), Ruas de Lisboa (1978), Siripipi de Benguela (1980), Deixar nas tuas mãos (1994), Não me peças mais canções (1994), Vagabundo do mar (1997), Para ti meu amor (2013) e, apenas como extra e curiosidade, Penina, escrita por Paul McCartney. Nas letras, andam por aqui palavras de António Botto, Joaquim Pessoa e Manuel da Fonseca. E até de Mário Soares, num texto que escreveu para a sua mulher, Maria Barroso, quando esteve preso.

Carlos Mendes conta como acabou por musicar esse texto, Para ti meu amor: “Não musiquei o texto todo. Eu fazia um programa na televisão que era o Falas Tu Ou Falo Eu, com o Fernando Tordo, e um dia foi convidada a Maria Barroso. E a minha mulher, que era muito amiga do Carlos Ventura Martins, que era na altura assessor do Mário Soares, disse-lhe que se lembrava que ele tinha escrito um poema à mulher, na prisão, e pediu-lhe se ele não lho arranjava. E lá conseguiu. Tirou uma fotocópia e deu-lho. Eu musiquei-o e a senhora desfez-se em lágrimas ao ouvi-lo.” No disco, a canção ganhou novas roupagens. “A outra estava muito electrónica e o Paulo Sérgio fez agora um arranjo fabuloso com essa música. Desta vez não me meti em nada, fui mesmo só cantor.” No disco, como nos espectáculos, participou o filho mais novo de Carlos Mendes (de 31 anos), também músico, de nome artístico Jazzafari, que faz as vozes adicionais em Siripipi de Benguela.

“Originais não me faltam”

Penina, que Paul McCartney compôs numa noite de copos no Algarve e deixou em Portugal, regravou-o por razões históricas. “É uma coisa menor, mas há um disco que pouca gente conhece, que o Paulo Gil do jazz me trouxe de Inglaterra (diz ‘not for sale’) e que tem um desenho do Paul McCartney e do John Lennon frente a frente com uma série de malta no meio. O título é The songs Lennon and McCartney Gave Away. Estão lá a Cilla Black, P.J. Proby, Peter and Gordon, Ringo Starr e no meio [entre dois músicos dos Applejacks] está um gajo com um bigodinho que sou eu.”

O disco de originais virá a seu tempo, diz Carlos Mendes. Este tem outro objectivo. “Eu já não gravava há muitos anos. E havia necessidade de dizer às novas gerações quem é este fulano. Porque quando comecei a entrar nas novelas e nos teatros as pessoas viam-me como actor. Eu dizia ‘não sou actor, fiz umas coisas nas músicas’, mas as pessoas não sabiam. Por isso concordei em avançar com este disco agora. Porque originais não me faltam, tenho imensos já feitos.”