O cinismo, sempre o cinismo

Um policial que começa com boas ideias mas acaba por ser tão cínico como as personagens que critica.

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Adaptando o seu próprio romance best-seller para a sua estreia na realização, o escritor italiano Donato Carrisi começa por seduzir o espectador com um cenário perfeito para um daqueles “mistérios de quarto fechado” que fizeram as delícias dos amantes do romance policial: uma adolescente de 16 anos desaparece numa aldeia remota nas montanhas, e o detective da grande cidade enviado para resolver o caso compreende imediatamente que há algo que não bate bem em Avechot.

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Adaptando o seu próprio romance best-seller para a sua estreia na realização, o escritor italiano Donato Carrisi começa por seduzir o espectador com um cenário perfeito para um daqueles “mistérios de quarto fechado” que fizeram as delícias dos amantes do romance policial: uma adolescente de 16 anos desaparece numa aldeia remota nas montanhas, e o detective da grande cidade enviado para resolver o caso compreende imediatamente que há algo que não bate bem em Avechot.

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Carrisi mete a velocidade seguinte ao fazer do seu mistério processual uma denúncia da busca das audiências e do cinismo calculista, com o detective a desencadear habilmente o interesse dos media para garantir que o caso adquire a prioridade que de outro modo não teria. Mas rapidamente começa a meter os pés pelas mãos e a esticar a quantidade de pistas falsas, becos sem saída e truques de prestidigitação fáceis até nada restar senão o cinismo que ele tanto quer denunciar, motor de um filme que roda à volta do pecado do orgulho para se mostrar tão sobranceiro como as personagens que filma.

E Toni Servillo, francamente, merece mais do que ser sacrificado no altar deste policial que quer ser muita coisa mas não tem unhas para a guitarra que quer tocar.