Orbán reeleito e garante maioria qualificada

Viktor Orbán é reeleito em eleições com um nível de participação recorde. Os líderes do segundo e do terceiro partido mais votados apresentaram a demissão.

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O primeiro-ministro Viktor Orbán e a sua mulher Aniko Levai, quando foram votar Bernadett Szabo/REUTERS

O Fidesz do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán terá garantido nas legislativas deste domingo uma maioria qualificada no Parlamento, com as projecções a apontarem 133 mandatos com 93% dos votos contados. Estes dados preliminares contrariam as indicações das sondagens à boca das urnas, que apontavam para uma tendência de descida dos partidos que suportam o Governo.

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O Fidesz do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán terá garantido nas legislativas deste domingo uma maioria qualificada no Parlamento, com as projecções a apontarem 133 mandatos com 93% dos votos contados. Estes dados preliminares contrariam as indicações das sondagens à boca das urnas, que apontavam para uma tendência de descida dos partidos que suportam o Governo.

De acordo com os dados do gabinete eleitoral húngaro, o partido de Orbán ficará com cerca de 133 dos 159 assentos parlamentares disponíveis, o mínimo para a maioria qualificada.

O partido de extrema-direita Jobbik ficou em segundo lugar, com 20% dos votos. O partido conseguiu apenas 26 assentos parlamentares, e o seu líder, Gábor Vona, já anunciou a sua demissão. “Não conseguimos alcançar o nosso objectivo, ganhar as eleições e forçar uma mudança no governo. Fidesz ganhou. Outra vez”, disse Vona, numa conferência de imprensa na noite de domingo, citado a BBC.

Os socialistas ficaram em terceiro, com 12%, e a presidência do partido anunciou a sua demissão. Gyula Molnár, líder dos socialistas, considera-se responsável pelos resultados e disse ter reconhecido “a decisão dos eleitores”. Os Verdes ficaram em último, com 7%.

O partido do primeiro-ministro ganhou em quase todos os círculos eleitorais rurais e a oposição conseguiu a maior parte dos assentos na capital, Budapeste. 

As eleições húngaras ficaram marcadas por uma forte participação — que terá ultrapassado os 70% e batido o recorde desde o colapso do regime pró-soviético em 1989 — o que obrigou ao adiamento da divulgação das projecções dos resultados. Muito tempo para lá do fecho oficial das mesas de voto, ainda permaneciam filas de eleitores à espera para depositar o voto. Foi também registado um considerável aumento da votação dos húngaros que vivem no estrangeiro.

Os observadores internacionais da OSCE marcaram para segunda-feira uma conferência de imprensa depois de terem sido reveladas "múltiplas irregularidades" durante a jornada eleitoral.

Desde 2010 que a coligação liderada pelo partido anti-imigração Fidesz venceu duas eleições com maiorias de dois terços, que possibilitou fazer uma nova Constituição. No entanto, a revelação, nos últimos tempos, de suspeitas de corrupção envolvendo figuras do Fidesz, colocou em cima da mesa a hipótese de uma penalização nas urnas — o que não se terá verificado. 

Os resultados evidenciam também que terá fracassado um esforço de última hora entre a oposição para coordenar o voto útil em várias circunscrições onde a posição do Fidesz era menos sólida. Uma das críticas mais frequentes era a falta de alternativa séria aos partidos do Governo por parte de uma oposição dividida e que esteve recentemente envolvida em casos de corrupção.

A campanha foi dominada pelo tema da imigração. O Fidesz, liderado pelo primeiro-ministro Viktor Orbán, defende uma forte limitação na entrada de estrangeiros na Hungria, especialmente de países africanos e do Médio Oriente. Durante a campanha, Orbán falou de uma "invasão muçulmana" do país contra a qual o seu Governo deveria lutar.

O Governo construiu uma vedação de arame farpado na fronteira húngara com a Sérvia e a Croácia para impedir a passagem de migrantes que nos últimos anos têm tentado alcançar a Europa, em fuga de conflitos e perseguições políticas nos seus países de origem.

Nos últimos anos, o Governo do Fidesz aproveitou as suas supermaiorias para pôr várias instituições sobre o seu controlo, como os media e os tribunais.