Martin Shkreli, o “homem mais odiado da América”, foi condenado a sete anos de prisão

Em 2015, o empresário norte-americano aumentou substancialmente o preço de um medicamento para a toxoplasmose. Decisão a que somaram crimes de fraude financeira.

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Martin Shkreli fez capas da imprensa norte-americana quando aumentou o preço de um medicamento de 13,5 dólares para 750 dólares Reuters/Amr Alfiky

O empresário norte-americano Martin Shkreli, antigo gestor de fundos de investimentos e fundador da farmacêutica Turing Pharmaceuticals, foi condenado a sete anos de prisão. Em causa estão os crimes de fraude financeira, conspiração para cometer fraude financeira e conspiração para fazer transferências fraudulentas. 

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O empresário norte-americano Martin Shkreli, antigo gestor de fundos de investimentos e fundador da farmacêutica Turing Pharmaceuticals, foi condenado a sete anos de prisão. Em causa estão os crimes de fraude financeira, conspiração para cometer fraude financeira e conspiração para fazer transferências fraudulentas. 

A sentença foi determinada pelo tribunal de Brooklyn, em Nova Iorque. O empresário de 34 anos já tinha sido dado como culpado no início de Agosto do último ano e estava a aguardar a decisão final do tribunal em liberdade condicional. No entanto, a liberdade condicional durou apenas algumas semanas. A fiança de cinco milhões de dólares foi revogada pelo tribunal devido a uma série de publicações que Martin Shkreli fez no Facebook.

Para além de ter assediado mulheres, o empresário fez uma publicação em que oferecia cinco mil dólares a quem conseguisse roubar uma madeixa de cabelo a Hillary Clinton, durante a digressão de apresentação do livro da ex-candidata à Presidência norte-americana. Martin Shkreli ainda pediu desculpa pela publicação, dizendo que não esperava que alguém levasse a sério os seus comentários, mas o juiz determinou que o seu comportamento demonstrava que o “homem mais odiado da América”, como foi apelidado pela imprensa (o epíteto foi dado pela BBC), continuava a ser um perigo para a sociedade.

“O facto de ele permanecer inconsciente da inadequação das suas acções e palavras demonstra para mim que ele pode estar a criar um risco para a comunidade”, argumentou o juiz Kiyo Matsumoto à data. O comportamento questionável de Martin Shkreli foi reconhecido pela própria defesa na sessão final do julgamento nesta sexta-feira. “Há momentos em que quero abraçá-lo e confortá-lo e outros em que o quero esmurrar na cara”, reconheceu um dos seus advogados, Benjamin Brafman, dirigindo-se ao juiz da sessão.

O tribunal decidiu, assim, aplicar cerca de metade do tempo de prisão efectiva proposta pela acusação, que pedia 15 anos de prisão. Já a defesa tentou reduzir para um período máximo de 18 meses.

Martin Shkreli foi detido em Dezembro de 2015, depois de ter decidido aumentar o preço de um medicamento para a toxoplasmose — o Daraprim — em 5000%. De 13,5 dólares, o comprimido diário passou a custar 750 dólares. Na biotecnologia Retrophin, que fundou em 2011, já tinha usado uma estratégia comercial semelhante, mas recorrendo a uma subida menos acentuada. Acabaria por ser expulso pelos administradores da sua própria empresa em 2014.

Nascido de uma família de imigrantes albaneses e croatas que ganharam a vida a trabalhar nas limpezas, Martin Shkreli enriqueceu rapidamente em Wall Street quando tinha pouco mais de 20 anos. A sua decisão de aumentar o preço de Daraprim valeu-lhe a crítica do agora Presidente norte-americano, Donald Trump, que o acusou de ser "um miúdo mimado".