O caminho para o novo Governo de Merkel depois do “sim” do SPD

O próximo Governo alemão está a tomar forma mas ainda há incógnitas. Por exemplo, quem ocupará o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

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A chanceler alemã, Angela Merkel, teve este domingo assegurado o seu quarto mandato com o “sim” claro de 66% de apoio à “grade coligação” dos militantes do SPD, ouvidos em referendo.

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A chanceler alemã, Angela Merkel, teve este domingo assegurado o seu quarto mandato com o “sim” claro de 66% de apoio à “grade coligação” dos militantes do SPD, ouvidos em referendo.

Chega assim ao fim o suspense sobre processo mais longo para chegar a um Governo no pós-guerra, mas ainda falta um passo formal: a sessão do Parlamento em que a chanceler será eleita, e que deverá acontecer a 13 ou 14 de Março, segundo o diário Süddeutsche Zeitung.

Para ser eleita (à primeira volta e com maioria absoluta) Merkel precisa de 355 votos; os deputados da “grande coligação” somam 399. Embora aconteça por vezes que alguns deputados dos blocos de apoio ao Governo votem contra, a eleição de Merkel é garantida – mesmo que não conseguisse ser eleita na primeira ronda de votação, o que é muito improvável, teria hipótese de ser eleita apenas com maioria relativa em rondas seguintes.

O próximo governo já está a ganhar forma, mas ainda há espaço para surpresas e um cargo em especial que está a provocar muita especulação: o de ministro dos Negócios Estrangeiros. Este será ocupado pelo SPD e estava destinado a Martin Schulz que, no entanto, acabou por abdicar dele, e o actual ministro, Sigmar Gabriel, não tem muito apoio (especialmente depois de críticas feitas quando pareceu que ia perder o cargo).

O SPD deverá nomear oficialmente os ministros apenas a 12 de Março, mas era dado como certo que Olaf Scholz, presidente da Câmara de Hamburgo, será o novo ministro das Finanças e vice-chanceler. Falando este domingo na sequência do referendo, Scholz disse apenas que nas seis pastas que estão destinadas ao SPD, três serão ocupadas por mulheres e três por homens, e que alguns membros do Governo cessante irão continuar, e outros serão caras novas.

Depois de críticas a falta de ministros oriundos da antiga Alemanha de Leste (Merkel é, até agora, a única), o SPD também estaria a considerar que um dos responsáveis deveria vir de um dos estados-federados da ex-RDA.

A CDU é o único partido que já nomeou todos os seus ministros: Merkel sublinhou que a aposta na renovação se vê pelo facto de ser ela a mais velha, trazendo o seu crítico mais visível, Jens Spahn, para o ministério da Saúde, uma pasta difícil. Na Defesa mantém-se Ursula von der Leyen; na Economia ficará o antigo chefe de gabinete que ocupou o ministério das Finanças desde a eleição, Peter Altmaier, na Agricultura, a aliada da chanceler Julia Klöckner, e uma surpresa, na Educação uma desconhecida Anja Karliczek.

Na CSU, o partido-gémeo da CDU na Baviera, o líder Horst Seehofer será ministro do Interior, e ainda falta nomear os ministros do Desenvolvimento e Transportes. O partido nomeará os seus ministros esta segunda-feira.