Churchill teve mesmo uma amante – e quase lhe valeu a carreira política

O documentário Secret History, realizado por Denys Blakeway e que se estreou hoje no Channel 4, confirma aquele que, durante muitos anos, foi apenas um rumor sobre o antigo primeiro-ministro britânico.

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Durante anos foi apenas um rumor, mas agora é finalmente confirmado: Winston Churchill teve mesmo uma amante e o caso teve potencial para arruinar a sua carreira política. Secret History, documentário realizado por Denys Blakeway, conta a história do caso secreto que o antigo primeiro-ministro britânico manteve com a socialite Doris Castlerosse (tia-avó da modelo e actriz Cara Delevigne), durante os anos 1930 e 1940.

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Durante anos foi apenas um rumor, mas agora é finalmente confirmado: Winston Churchill teve mesmo uma amante e o caso teve potencial para arruinar a sua carreira política. Secret History, documentário realizado por Denys Blakeway, conta a história do caso secreto que o antigo primeiro-ministro britânico manteve com a socialite Doris Castlerosse (tia-avó da modelo e actriz Cara Delevigne), durante os anos 1930 e 1940.

Secret History foi baseado na investigação de Richard Toye, professor na Exeter University, e Warren Dockter, especialista em História Internacional na Universidade Aberystwyth, que conseguiram confirmar a existência do caso extra-conjugal numa entrevista que o secretário privado de Churchill deu aos arquivistas do Churchill College. Esta entrevista nunca tinha sido tornada pública – até agora.

“Isto é uma história um pouco escandalosa e por isso não foi divulgada durante muitos anos… Winston Churchill foi… um homem muito pouco sexuado e duvido que nos seus 60 ou 55 anos de casado tenha traído [Clementine, a sua mulher], excepto numa ocasião, quando a sua mulher não estava e, ao luar no sul de França, teve um caso breve com… Castlerosse, era assim que se chamava… Doris Castlerosse, sim, é isso”, disse o secretário de Churchill, John “Jock” Colville, na entrevista agora revelada.

Dockter encontrou esta entrevista enquanto fazia pesquisa para um livro sobre os primeiros-ministros e os seus secretários privados. “Era uma gravação longa e tediosa, até chegar a esta bomba”, contou ao The Sunday Times.

A relação durou cerca de quatro anos. O par esteve junto nos anos 1930, encontrando-se esporadicamente na casa de uma famosa actriz norte-americana, Maxine Elliot, no Sul de França. Esta teoria é confirmada pelas cartas que trocaram. Numa delas, datada de 1934, Churchill escreveu: “Quanto nos divertimos na casa de Maxine! Foi lindo ter-te lá. Foste, mais uma vez, uma bênção e um raio de sol junto da piscina. Pergunto-me se nos encontraremos outra vez no próximo Verão”, cita o The Sunday Times.

Foi durante as férias que passaram juntos que Churchill pintou vários quadros da amante, em poses sensuais. Um deles foi usado, anos mais tarde e já depois do término do caso, para chantagear o antigo primeiro-ministro britânico.

Corria o ano de 1942, oito anos depois do fim da relação entre os dois. A II Guerra Mundial tinha começado há três anos e Churchill preparava-se para visitar Roosevelt, nos EUA, numa cimeira para discutir o progresso da guerra contra a Alemanha nazi. Churchill precisava do apoio do público norte-americano e precisava de fortalecer a aliança Anglo-Americana. Castlerosse também se encontrava nos EUA à data – tinha-se mudado pouco depois de terminar a relação com Churchill. Vivia em Nova Iorque, não tinha meios para se auto-sustentar e ansiava voltar ao Reino Unido.  

Os dois encontraram-se durante a visita de Churchill a Nova Iorque. Durante esse encontro, Castlerosse pressionou o primeiro-ministro britânico a conseguir-lhe um raro lugar num avião de volta para a sua terra natal – chantageando-o com o quadro que tinha em sua posse. Churchill temeu que a tela pudesse cair nas mãos da imprensa cor-de-rosa norte-americana e acedeu ao pedido, para manter a sua boa imagem junto do público norte-americano.

Foi a última vez que os dois se viram. Castlerosse morreu pouco depois de voltar a Londres, a 9 de Dezembro de 1942, com uma overdose de comprimidos para dormir. O quadro que estava na sua posse foi mais tarde recuperado por Lorde Beaverbrook, um amigo de Churchill.

“Não diria que muda radicalmente a maneira como olhamos para Churchull, mas muda a forma como olhamos para o casamento dos Churchill. Apesar dos altos e baixos, a visão dominante é que ele nunca vacilou no seu casamento e isto claramente muda um pouco as coisas… Os biógrafos de Churchill do futuro vão ter que ter isto em conta”, avalia Toye, um dos responsáveis pela confirmação deste mito, em declarações ao Guardian.

“Churchill foi deíficado, mas esta história permite-nos olhar para ele como uma personagem muito mais complexa. É um herói nacional, mas também é um homem que teve um caso”, diz Dockter, o outro investigador, ao The Telegraph.

O documentário Secret Affair estreia-se a 4 de Março, no canal britânico Channel 4.