Lições de tango

A história de uma dupla lendária do tango argentino, contada de forma vistosa mas sem estrutura que a aguente.

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Há algo genuinamente sedutor no projecto de German Kral de contar em filme a história de María Nieves e Juan Carlos Copes, dupla lendária do tango argentino, espécie de Ginger Rogers e Fred Astaire que deu novas cartas de nobreza ao género, ambos já para lá dos 80 anos de idade. Kral, argentino radicado na Alemanha, monta o seu filme como um híbrido inclassificável: uma base documental, com entrevistas de María e Juan, à qual se vem sobrepôr uma recriação de momentos-chave das suas carreiras, encenada através de coreografias interpretadas por tangueros contemporâneos que se revezam a encarnar o par, e que são igualmente filmados a ensaiar ou a entrevistar María. Em última instância, contudo, Kral falha precisamente porque não consegue entretecer as duas abordagens. O documentário está cheio de “omissões” temporais — Juan Carlos Copes é uma presença altiva, reduzida às entrevistas, mantendo-se distante das novas coreografias, enquanto María abre o jogo e mostra-se disposta a falar de tudo menos da sua complicada relação romântica com o parceiro. E as cenas de dança tornam-se em muletas que não compensam os “buracos” que o documentário revela. A sensação é a de um filme vistoso, fascinante, sedutor, mas por trás do qual há muito menos substância do que parece — não é de deitar fora, claro, porque o tango tem uma força anímica que Kral e a sua equipa captam bem, mas é frustrante ter material deste e ficar-se por isto.

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Há algo genuinamente sedutor no projecto de German Kral de contar em filme a história de María Nieves e Juan Carlos Copes, dupla lendária do tango argentino, espécie de Ginger Rogers e Fred Astaire que deu novas cartas de nobreza ao género, ambos já para lá dos 80 anos de idade. Kral, argentino radicado na Alemanha, monta o seu filme como um híbrido inclassificável: uma base documental, com entrevistas de María e Juan, à qual se vem sobrepôr uma recriação de momentos-chave das suas carreiras, encenada através de coreografias interpretadas por tangueros contemporâneos que se revezam a encarnar o par, e que são igualmente filmados a ensaiar ou a entrevistar María. Em última instância, contudo, Kral falha precisamente porque não consegue entretecer as duas abordagens. O documentário está cheio de “omissões” temporais — Juan Carlos Copes é uma presença altiva, reduzida às entrevistas, mantendo-se distante das novas coreografias, enquanto María abre o jogo e mostra-se disposta a falar de tudo menos da sua complicada relação romântica com o parceiro. E as cenas de dança tornam-se em muletas que não compensam os “buracos” que o documentário revela. A sensação é a de um filme vistoso, fascinante, sedutor, mas por trás do qual há muito menos substância do que parece — não é de deitar fora, claro, porque o tango tem uma força anímica que Kral e a sua equipa captam bem, mas é frustrante ter material deste e ficar-se por isto.

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