Alunos mostram que bastam poucas coisas para melhorar uma escola

Segunda edição do Orçamento Participativo das Escolas já arrancou. Há um milhão de euros para investir nos projectos apresentados e escolhidos pelos estudantes.

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Cerca de 200 alunos da secundária Padre António Vieira participaram no lançamento do Orçamento Participativo das Escolas Tiago Petinga/Lusa

Ideias não faltam aos alunos da Escola Secundária Padre António Vieira, em Lisboa, para dar maior dinamismo e também mais conforto ao espaço onde passam grande parte dos seus dias. As propostas nesse sentido foram apresentadas, nesta terça-feira, ao ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que escolheu aquele estabelecimento para lançar a segunda edição do Orçamento Participativo das Escolas (OPE).

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Ideias não faltam aos alunos da Escola Secundária Padre António Vieira, em Lisboa, para dar maior dinamismo e também mais conforto ao espaço onde passam grande parte dos seus dias. As propostas nesse sentido foram apresentadas, nesta terça-feira, ao ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que escolheu aquele estabelecimento para lançar a segunda edição do Orçamento Participativo das Escolas (OPE).

Há um milhão de euros reservados para esta iniciativa, que serão distribuídos em função dos alunos de cada escola participante: 1 euro por estudante, sendo que o “tecto mínimo é de 500 euros”, esclareceu o ministro. Este projecto destina-se a alunos do 3.º ciclo e do ensino secundário. São eles que têm de apresentar as propostas e são eles também que as escolhem, através de votação em urna.

Os projectos, que têm de ser apresentados até ao final de Fevereiro, serão votados a 24 de Março para coincidir com o Dia Nacional do Estudante. Em 2017, os alunos da Secundária Padre António Vieira optaram por investir em melhores condições para a sala de convívio dos estudantes. Para 2018 já existem pelo menos sete propostas. Por exemplo, apostar na aquisição de equipamento de rádio.

“É o meio de comunicação mais importante. Foi graças a ele que conseguimos iniciar a nossa revolução. É importante não deixar que morra”, justificou o aluno do 11.º ano Afonso Mendes. O seu colega de projecto, Daniel Teixeira, lembra que por esta via os estudantes poderão informar-se uns aos outros sobre as iniciativas desenvolvidas pela escola, em vez de apenas terem conhecimento delas através dos professores.

A instalação de rádios de estudantes nas escolas foi, precisamente, o projecto mais recorrente da edição do OPE de 2017. Segundo informações do Ministério da Educação (ME), nesta edição votaram 221.000 alunos de 1023 escolas, o que representa 93% do total de estabelecimentos com aqueles níveis de ensino. Foram apresentadas 4731 propostas. Saber-se-á se foram todas levadas à prática quando a Inspecção-Geral da Educação e Ciência concluir a sua avaliação da iniciativa, o que deverá acontecer nos próximos meses, informou o ME.

Solidariedade com alunos surdos

Na Escola Secundária João Araújo Correia, em Peso da Régua, vai iniciar-se agora a instalação do projecto mais votado, uma tarefa que está a cargo dos alunos dos cursos profissionais. Vão colocar pirilampos junto às campainhas, para que os alunos surdos visionem o toque destas, relata ao PÚBLICO o director da escola, Salvador Ferreira. “Quando os ouvidos não ouvem, os olhos vêem”, que é o nome deste projecto, foi uma das quatro propostas apresentadas por alunos do ensino secundário. Votaram nela 168 dos 518 que participaram na escolha.

“A votação confirmou o interesse que os alunos têm neste tipo de iniciativa e nos valores de solidariedade para com os colegas surdos”, frisa o director. A secundária é a escola sede do agrupamento João Araújo Correia, que conta com mais dois centros escolares que acolhem os alunos do 1.º ciclo. O agrupamento, que faz parte da rede de Escolas de Referência para a Educação Bilingue de Alunos Surdos, conta actualmente com 16 alunos surdos, “oriundos de um extremo ao outro do distrito, desde Chaves a Mesão Frio, incluindo alunos dos concelhos a norte do distrito de Viseu”, esclarece Salvador Ferreira.

Para Tiago Brandão Rodrigues, esta iniciativa além de promover uma maior ligação à escola, pretende desenvolver a literacia financeira – por estar em causa um orçamento que não pode ser ultrapassado – e a literacia democrática, ao "familiarizar os alunos com todos os processos de eleição, votação e processos de campanha". com Lusa