Como Ridley Scott eliminou Kevin Spacey e o substituiu no seu novo filme

Todo o dinheiro do mundo estreia-se esta semana nos EUA e o realizador revela agora como voltou a filmar e a convocar parte do elenco para apagar a presença de Spacey, acusado de assédio e comportamento "predatório".

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A decisão de Ridley Scott de eliminar Kevin Spacey do seu próximo filme foi tomada “imediatamente” – “em 36 horas”, disse o realizador à imprensa, nos últimos dias, enquanto promovia Todo o dinheiro do mundo. Depois de ter sido acusado de assédio sexual, Spacey foi substituído por Christopher Plummer e a rodagem parcialmente refeita.

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A decisão de Ridley Scott de eliminar Kevin Spacey do seu próximo filme foi tomada “imediatamente” – “em 36 horas”, disse o realizador à imprensa, nos últimos dias, enquanto promovia Todo o dinheiro do mundo. Depois de ter sido acusado de assédio sexual, Spacey foi substituído por Christopher Plummer e a rodagem parcialmente refeita.

“Uma questão de eficiência”, descreve Scott, citado pelo programa Entertainment Tonight, porque “seria uma pena se o filme fosse completamente negligenciado pelo que aconteceu”, completou à revista Hollywood Reporter. No fundo o que aconteceria semanas mais tarde com I love you, daddy, de Louis C.K., que nem chegou a ter estreia nos EUA e que pouco circulou no mercado desde que o comediante foi acusado, e depois ter confessado, de ter-se masturbado frente a várias mulheres sem o seu consentimento.

“Soube assim que [a vaga de denúncias de assédio] atingiu Kevin que seria uma explosão e contactei os meus sócios e disse ‘devíamos fazer um novo casting já. Se filmarmos agora, estrearemos no mesmo dia [em que estava previsto]’”, disse àquele programa televisivo. O filme estreia-se esta sexta-feira nos EUA (chega a Portugal a 8 de Fevereiro de 2018, em plena temporada de prémios da indústria do cinema) e mantêm-se esses timings, embora com custos adicionais – a financiadora Imperative Entertainment pagou mais dez milhões para as novas filmagens. Segundo a Hollywood Reporter, foram rodados cerca de 400 novos planos, em nove dias, no Reino Unido e em Itália.

Foi preciso pegar em todas as cenas e planos em que Spacey interpretava o papel de Jean Paul Getty, fundador da petrolífera Getty Oil Company e cujo neto foi raptado em 1973 – esse é o centro da história do novo filme do autor de Blade Runner e Alien. Os actores Michelle Williams e Mark Wahlberg foram chamados para filmarem de novo as cenas em que contracenaram com Spacey, que foi acusado primeiro pelo actor Anthony Rapp de, aos 14 anos, de o ter assediado. Depois, Spacey foi igualmente acusado de assédio e má conduta, por vários profissionais do teatro, cinema e tv que com ele trabalharam ao longo dos anos.

Houve “interpretações muito diferentes” por parte dos actores, disse a montadora Claire Simpson à revista norte-americana, pelo que a decisão foi a de “substituir cenas inteiras”.

A Hollywood Reporter detalha ainda que algumas cenas foram refeitas combinando novas imagens com cenas da rodagem original e que conseguiram regressar a quase todos os lugares de filmagem dessa rodagem. Com excepção de uma cena filmada na Jordânia, que foi refeita com Plummer e um ecrã verde para composição digital na pós-produção.

Plummer já tinha sido sondado para o papel, mas acabou por ser Spacey o actor a encarnar a personagem do milionário, para depois, numa decisão invulgar de um novo casting – e sem precedentes tendo em conta o seu contexto –, se ter decidido apagar o seu rasto do filme de Scott.