Trump avisa que EUA não tolerarão “abusos comerciais crónicos”

Na cúpula da APEC, no Vietname, o Presidente norte-americano endureceu o discurso sobre comércio, exigindo que todos os países cumpram as regras da OMC.

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Donald Trump interveio na cúpula da APEC, no Vietname Reuters/JONATHAN ERNST

O Presidente Donald Trump disse nesta sexta-feira que os EUA não tolerarão "abusos comerciais crónicos", num discurso desafiador na cúpula da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), no Vietname.

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O Presidente Donald Trump disse nesta sexta-feira que os EUA não tolerarão "abusos comerciais crónicos", num discurso desafiador na cúpula da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), no Vietname.

No dia seguinte a ter elogiado, na China, a promessa de Xi Jinping de que o gigante asiático vai passar a ser mais aberto com as empresas estrangeiras, Trump volta a endurecer o tom, afirmando que o comércio livre custou milhões de empregos americanos, e ele está determinado em corrigir o desequilíbrio.

Trump, que já visitou o Japão, a Coreia do Sul e a China neste périplo asiático por cinco países, afirma que os EUA estão preparados para trabalhar com os países da APEC – que reúne 21 economias da região do Pacífico, equivalentes a cerca de 60% da economia mundial –, desde que "respeitem um comércio recíproco justo".

Desde que assumiu o cargo, o Presidente Trump retirou os EUA da parceria com os países da Ásia e do Pacífico (TPP), um grande acordo comercial com 12 países membros da APEC, argumentando que prejudicaria os interesses económicos dos EUA.

No seu discurso, o Presidente americano criticou a Organização Mundial do Comércio, que estabelece leis comerciais globais e disse que "não pode funcionar correctamente" se todos os membros não respeitarem as regras.

Trump reclamou de desequilíbrios comerciais, dizendo que os EUA reduziram as barreiras alfandegárias e as tarifas, enquanto outros países não fizeram o mesmo. "Tais práticas prejudicam muitas pessoas no nosso país", disse, perante os líderes empresariais e políticos presentes na cimeira. Mas, tal como na véspera, em Pequim, não culpou os países da APEC, antes acusou os governos americanos anteriores de não terem actuado para reverter a tendência.

Pela sua parte, afirmou que os Estados Unidos fariam acordos bilaterais com "qualquer parceiro Indo-Pacífico aqui que respeite o comércio recíproco justo", mas apenas "com base no respeito mútuo e no benefício mútuo".

Trump tem usado o termo "Indo-Pacífico" e não "Ásia-Pacífico" para definir a visão geopolítica americana sobre a Ásia. Não é o primeiro Presidente dos EUA a usar a terminologia, Obama também o fez, mas com menos frequência, e para frisar a inclusão da Índia nesta vasta região económica.

O Presidente chinês, Xi Jinping, interveio na cimeira da APEC na cidade portuária vietnamita de Da Nang, onde disse que a globalização era uma tendência irreversível, mas o mundo precisava torná-la mais equilibrada e inclusiva.

Nesse sentido, reafirmou as garantias que já havia dado na véspera a Donald Trump sobre a reforma comercial na China. Xi insistiu na abertura do mercado às empresas estrangeiras, dizendo mesmo que, no seu país, todos os empresários serão tratados como iguais.