Cinanima homenageia Artur Correia e convida Michael Dudok de Wit

Autor de O Romance da Raposa e A Nau Catrineta, Artur Correia é um decano da animação portuguesa. O realizador holandês Michael Dudok de Wit regressa a Espinho para mostrar a sua obra, dar uma aula e integrar o júri internacional.

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Artur Correia (n. Lisboa, 1932), autor da celebrada adaptação do livro de Aquilino Ribeiro, O Romance da Raposa (1988), e o holandês Michael Dudok de Wit (n. Utrech, 1953), vencedor de um Óscar de melhor curta-metragem de animação com Pai e Filha (2000), são duas figuras em destaque na 41.ª edição do Cinanima – Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho, que começa esta segunda-feira e decorre até domingo, dia 12.

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Artur Correia (n. Lisboa, 1932), autor da celebrada adaptação do livro de Aquilino Ribeiro, O Romance da Raposa (1988), e o holandês Michael Dudok de Wit (n. Utrech, 1953), vencedor de um Óscar de melhor curta-metragem de animação com Pai e Filha (2000), são duas figuras em destaque na 41.ª edição do Cinanima – Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho, que começa esta segunda-feira e decorre até domingo, dia 12.

O realizador e animador português vai ser homenageado logo no primeiro dia do festival (19h, Centro Multimeios) com a exibição de uma pequena mostra da sua extensa obra, que incluirá episódios de O Romance da Raposa, filmes publicitários e a sua realização mais recente, A Nau Catrineta (2012).

A homenagem do Cinanima a Artur Correia responde a uma proposta do produtor e realizador Humberto Santana. “Aceitámo-la logo pois, além de ser um decano da animação portuguesa, Artur Correia é um frequentador e um amigo do festival desde a primeira hora”, diz ao PÚBLICO Manuel Matos Barbosa, da comissão organizadora.

Artur Correia é, de facto, uma referência do cinema de animação e da banda desenhada em Portugal, com uma carreira que começou na Escola Industrial Machado de Castro, em Lisboa, onde desenhava para o jornal de parede e depois para o semanário juvenil O Papagaio.

Em meados da década de 60, inicia-se na animação e na publicidade, tendo mesmo conquistado o prémio do filme publicitário no Festival de Annecy, em França, em 1967.

Na arte da animação, assinou três dezenas de filmes, entre os já citados O Romance da Raposa e A Nau Catrineta. Na BD, colaborou em publicações como Cavaleiro Andante, Mundo de Aventuras, Foguetão, Zorro e tantas outras.

Em 1973, fundou a empresa TopeFilme, onde produziu programas educativos para todas as idades e publicidade.

Van Gogh animado

O Cinanima 2017 abre oficialmente, às 22h, com a exibição da longa-metragem A Paixão de Van Gogh, realizada por Dorota Kobiela e Hugh Welchman, um biopic sobre o autor dos Girassóis que tem a particularidade de ser integralmente pintado a óleo, mas sobre as imagens previamente filmadas com actores reais – um filme que está já a correr no circuito comercial português.

No programa do festival, a animação portuguesa estará também em destaque, já que é a primeira vez que conta com seis curtas-metragens na competição internacional. São elas Sr. Extraterrestre, de Jorge Ribeiro; Água Mole, de Laura Gonçalves; Das Gavetas Nascem Sons, de Vítor Hugo; É Preciso que Eu Diminua, de Pedro Serrazina; Tocadora, de Joana Imaginário; e Surpresa, de Paulo Patrício.

Recorde-se que, em 2014, um filme português, Fuligem, de David Doutel e Vasco Sá, tornou-se o único até agora a merecer a distinção com o Grande Prémio do festival – que agora significa também a entrada directa para a shortlist dos candidatos ao Óscar de melhor curta-metragem da animação.

Com os 16 títulos que integram a selecção do Prémio Jovem Cineasta Português (a exibir no sábado, dia 11), a animação portuguesa parece denotar alguma revitalização no sector, depois da crise dos últimos anos. Será assim? Manuel Matos Barbosa, que integrou o júri de selecção (que avaliou mais de 1350 títulos enviados para Espinho), diz que teve oportunidade de “ver alguns filmes muito curiosos”. “Há gente nova muito boa a aparecer, espero que isso tenha continuidade”, acrescentou, prometendo que "o Cinanima irá continuar e cumprir o seu papel na ajuda aos jovens realizadores”.

E isso passa pela já habitual organização de sessões para as escolas, oficinas e master-classes. Uma das master-classes no programa deste ano vai ser dirigida por Michael Dudok de Wit, o realizador de Tartaruga Vermelha (2016), que no Cinanima do ano passado conquistou o prémio de melhor longa-metragem. Do realizador holandês, o festival exibe este ano o conjunto das suas curtas, entre elas encontrando-se O Monge e o Peixe (1994), vencedor do Cartoon d’Or – Prémio de Melhor Curta-metragem Europeia, e também nomeado para o Óscar.

De Wit regressa este ano a Espinho também para integrar o júri da competição internacional das curtas-metragens – com o produtor português Paulo Trancoso e o realizador húngaro Ferenc Mikulás –, que vai avaliar 104 filmes provenientes de 24 países.

O programa do 41.º Cinanima – que, no total, exibirá mais de 350 títulos – vai ter ainda retrospectivas dedicadas aos temas Erotismo e humor, numa selecção do realizador e editor francês Thierry Steff, e Refugiados, que inclui a apresentação da longa-metragem argelina Contos de África, realizada por Djilali Beskri (dia 10). E também mostras de animação da Hungria, Áustria, Eslovénia, Holanda, além de uma selecção de Talentos Europeus Emergentes, com a produção mais recente do velho continente.

O programa do 41.º Cinanima espalha-se por vários espaços de Espinho, entre as salas do Centro Multimeios, que acolhe as secções principais, e o Fórum de Arte e Cultura, passando pela Biblioteca Municipal e pelo Casino. Mais informação no site do festival.