O teatro ajuda os alunos de Sintra a crescer
Mostra de Teatro das Escolas de Sintra celebra 25 anos de colaboração com os estabelecimentos de ensino do concelho.
Insultos, provocações. “Eles não sabem falar uns com os outros”, conta o professor da EB 2,3 D. Domingos Jardo, em Mira-Sintra, e é através do teatro que os alunos aprendem a relacionar-se, a ser amigos, a ter “amizades mais profundas”, acrescenta João Brito. A sua escola faz parte de um grupo que, em sintonia com a associação Chão de Oliva e a Câmara Municipal de Sintra (CMS), trabalha a expressão dramática e apresenta os seus resultados na Mostra de Teatro das Escolas de Sintra. Esta terça-feira, celebram-se os 25 anos desta mostra com uma cerimónia solene.
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Insultos, provocações. “Eles não sabem falar uns com os outros”, conta o professor da EB 2,3 D. Domingos Jardo, em Mira-Sintra, e é através do teatro que os alunos aprendem a relacionar-se, a ser amigos, a ter “amizades mais profundas”, acrescenta João Brito. A sua escola faz parte de um grupo que, em sintonia com a associação Chão de Oliva e a Câmara Municipal de Sintra (CMS), trabalha a expressão dramática e apresenta os seus resultados na Mostra de Teatro das Escolas de Sintra. Esta terça-feira, celebram-se os 25 anos desta mostra com uma cerimónia solene.
Este é um projecto de expressão dramática que entre 20 e 25 escolas do concelho desenvolvem anualmente com o apoio da Chão de Oliva e da autarquia que, ao longo do ano, avaliam o trabalho que está a ser feito em cada sala de aula ou em cada clube de teatro e que culmina, no final do ano lectivo, com uma apresentação a toda a comunidade e com atribuição de prémios. O projecto tem como “foco principal” o desenvolvimento de quem nele participa, informa a associação em comunicado.
O objectivo é promover o desenvolvimento dos alunos e potenciar o respeito pelo trabalho em grupo. Mas há outras mais-valias no projecto. O professor de Português/Inglês e responsável pelo enriquecimento curricular de Expressão Dramática da escola de Mira-Sintra fala do relacionamento dos alunos: “Há muitos casos de indisciplina que a escola não consegue ter meios para resolver, nem mesmo com equipas de psicólogos, mas [o teatro] ajudaria porque leva os alunos a desinibir-se, a relacionar-se melhor e a ter um melhor comportamento.”
“Tornam-se melhores pessoas e melhores adultos”, diz por seu lado a professora Ana Fazenda, do agrupamento Ferreira de Castro, em Algueirão, responsável pela aula de Expressão Dramática para os 7.º e 8.º anos e pelo Clube de Teatro. Com as suas aulas, os estudantes aprendem a “enfrentar o público, a ter cuidado com a sua postura e dicção, a projectar a voz”, enumera. Tudo características que ajudam, por exemplo, a apresentar um trabalho noutra disciplina. Mas não só. Por vezes, o trabalho é “tão intenso” que os jovens esquecem-se das suas “limitações e ultrapassam-se”. A professora dá o exemplo de um aluno mais tímido ou de uma aluna que seja insegura com a sua imagem — “o ‘não quero fazer para não gozarem comigo’ é ultrapassado porque eles brilham ali [no palco] e ultrapassam os seus receios e vergonhas”, conta.
João Brito corrobora, os tímidos vencem a vergonha e, em grupo, “dão passos decisivos e transformam-se completamente”. Por isso fala de amizades “mais profundas” do que as restantes. E que perduram, acrescenta, dando o exemplo de alunos que já seguiram para o secundário ou mesmo para o mercado de trabalho e que continuam a marcar presença para ajudar os mais novos.
A Expressão Dramática devia ser obrigatória? Sim, defendem os dois docentes. “Obriga a um esforço de concentração, a uma disciplina interior e exterior. Num espaço que não é o da sala de aula tradicional, os alunos aprendem a liberdade de fazer coisas diferentes e a responsabilidade de terem de cumprir, obriga-os a ter uma disciplina maior. Tudo isso é fundamental quer para o estudo quer para trabalharem”, declara Ana Fazenda. “Não se perdia nada, só se ganhava!”, conclui João Brito.