Se o Governo não der respostas até ao final do mês, médicos avançam com greve

Sindicatos afirmam que os ministérios da Saúde e das Finanças estão empurrar os médicos para uma greve “que a ninguém satisfaz." Mantém-se a ameaça de paralisação dos médicos na primeira semana de Outubro.

Foto
Rui Gaudencio

Os sindicatos representantes dos médicos voltam a fazer pressão sobre o Ministério da Saúde e reforçam o já anunciado compromisso de avançar com uma greve de dois dias em Outubro, caso a tutela não responda às reivindicações até ao final do mês. Os dirigentes do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e da Federação Nacional dos Médicos (Fnam) dizem-se “empurrados para uma greve” e reforçam o ultimato ao Governo quando falta menos de um mês para as eleições autárquicas (1 de Outubro).

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os sindicatos representantes dos médicos voltam a fazer pressão sobre o Ministério da Saúde e reforçam o já anunciado compromisso de avançar com uma greve de dois dias em Outubro, caso a tutela não responda às reivindicações até ao final do mês. Os dirigentes do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e da Federação Nacional dos Médicos (Fnam) dizem-se “empurrados para uma greve” e reforçam o ultimato ao Governo quando falta menos de um mês para as eleições autárquicas (1 de Outubro).

A esperança de desconvocar a greve anunciada para a primeira semana de Outubro — a segunda greve do ano — “está prestes a acabar”, afirmou Mário Jorge Neves, presidente da Fnam, no final da reunião do Fórum Médico, esta segunda-feira. Os representantes da Ordem dos Médicos, Fnam e SIM reuniram-se para analisar em que pé estão as negociações com o Ministério da Saúde sobre as reivindicações da classe.

De acordo com o presidente da Fnam, os sindicatos dos médicos apresentaram em Abril propostas “para repor matérias que existiam no plano legal antes da troika.” E deram uma data limite ao Governo: os ministérios da Saúde e das Finanças teriam até ao final do mês de Setembro para as negociar com os sindicatos e representantes dos médicos. A três semanas do fim do prazo, “os ministérios não apresentaram nenhuma proposta negocial”, disse aos jornalistas Mário Jorge Neves. E acrescentou: “Vão-se avolumando as evidências de que não nos resta outra opção que não recorrer à greve” para recuperar “os direitos na Saúde”.

No mês de contagem decrescente para as autárquicas, o Governo está na mira de vários sectores (médicos, enfermeiros, juízes) que pressionam respostas às suas reivindicações, sob ameaça de greve.

Em causa não estão “melhores salários”

Na verdade, o Governo apresentou um documento negocial onde propunha que os profissionais com mais de 55 anos passassem a fazer urgências. Depois de rejeitada pelos sindicatos, a tutela admitiu tratar-se de "um erro". As negociações voltaram praticamente à estaca zero. 

Esta segunda-feira, questionado pelo PÚBLICO, o Ministério da Saúde respondeu apenas que "as negociações com os sindicatos médicos prosseguem."

As exigências em cima da mesa são as mesmas que estiveram na origem na greve dos médicos de Maio e que estão a ser negociadas, dizem os sindicatos, há um ano e meio: redução do número anual de horas suplementares que os médicos são obrigados a fazer (de 200 para 150), a diminuição do número de utentes por médico de família e a criação de um limite de 12 horas semanais de trabalho de urgência.

O aviso mantém-se. “Estão a empurrar-nos para uma greve, um conflito que a ninguém satisfaz”, afirmou Mário Jorge Neves. A ameaça não é retirada até que haja um “entendimento sobre os aspectos basilares.”

Em causa não estão “melhores salários”, garante Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do SIM, mas compromissos já assumidos pelo Governo em concertação social. Perante a falta de resposta, Roque de Cunha volta a acusar a tutela de falta de “seriedade”.