Harvey faz cinco mortos e inundações "catastróficas" em Houston

Nível de precipitação "sem precedentes" paralisa a quarta maior cidade dos Estados Unidos.

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O Harvey já não é um furacão, mas o pior ainda não passou no estado norte-americano do Texas, que enfrenta agora "cheias catastróficas" e "sem precedentes", como classifica o Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (NWS, na sigla inglesa). Houston, a quarta maior cidade do país e a capital da indústria petrolífera, morada para mais de seis milhões de pessoas na sua área metropolitana, era este domingo a zona mais afectada pelos níveis recorde de precipitação trazidos pela tempestade, que está praticamente estacionada sobre o sudeste do Texas. Segundo as previsões meteorológicas, continuará a chover intensamente durante os próximos quatro a cinco dias.

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O Harvey já não é um furacão, mas o pior ainda não passou no estado norte-americano do Texas, que enfrenta agora "cheias catastróficas" e "sem precedentes", como classifica o Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (NWS, na sigla inglesa). Houston, a quarta maior cidade do país e a capital da indústria petrolífera, morada para mais de seis milhões de pessoas na sua área metropolitana, era este domingo a zona mais afectada pelos níveis recorde de precipitação trazidos pela tempestade, que está praticamente estacionada sobre o sudeste do Texas. Segundo as previsões meteorológicas, continuará a chover intensamente durante os próximos quatro a cinco dias.

Até ao final da tarde deste domingo (hora de Lisboa), o NWS contabilizava cinco mortes relacionadas com a tempestade. As autoridades texanas admitem que o número de vítimas poderá aumentar à medida que os socorristas chegam às áreas mais atingidas e pedem aos moradores que não saiam de casa. Os habitantes são ainda aconselhados a não fugir para os sótãos, mas antes a procurar abrigo nos telhados das habitações em caso de subida rápida das águas. 

Mais de mil pessoas foram resgatadas em Houston durante as primeiras horas do dia, com o presidente da câmara Sylvester Turner a dar conta do registo de mais de 2000 pedidos de socorro. Havia cinco helicópteros e dezenas de embarcações envolvidas nas operações de resgate. Mais de 3000 elementos da guarda nacional e da guarda estadual foram destacados para a zona. Um centro de congressos foi transformado num abrigo para os desalojados e o Aeroporto Intercontinental George Bush, um dos mais movimentados do país, foi encerrado. Há centenas de milhares de habitações sem luz eléctrica, e o abastecimento poderá levar vários dias a ser reposto.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, congratulou as autoridades pelo auxílio à população e anunciou que se deslocará ao Texas nos próximos dias. "Assim que a viagem possa ser feita sem causar constrangimentos. A prioridade tem de ser a vida e a segurança", escreveu no Twitter. Mais tarde, a Casa Branca indicou que a visita deverá ocorrer na terça-feira.

O Harvey é já a tempestade mais forte a atingir o Texas nos últimos 50 anos, tendo chegado à costa daquele estado norte-americano quando ainda era um furacão de categoria 4, com ventos que sopravam a mais de 200 quilómetros por hora. Agora, e praticamente parado sobre Houston, admite-se que o Harvey possa quebrar o recorde de precipitação de 1979 naquele estado, quando a cidade de Alvin ficou inundada com mais de um metro de água em menos de 24 horas. Os meteorologistas estimam que até ao final da semana se possam registar 127 centímetros de precipitação em algumas zona de Houston, o que ultrapassaria o valor médio anual. 

Ainda é cedo para uma estimativa final dos danos causados pela tempestade, mas Brock Long, o director da FEMA, a agência federal equivalente à Protecção Civil portuguesa, afirmou este domingo em declarações à CNN que o Texas levará "anos" a recuperar. "Este desastre vai ser um marco histórico", disse.

Porque é que não houve evacuação?

Perante o rápido agravamento das condições meteorológicas na quarta maior cidade dos Estados Unidos – uma situação que era prevista há vários dias – uma pergunta repetia-se este domingo na imprensa norte-americana: porque é que não foi emitida nenhuma ordem de evacuação em Houston?

Ainda na sexta-feira, numa conferência de imprensa, o governador do Texas, Greg Abbot, recomendou aos habitantes das zonas costeiras do estado que abandonassem as suas casas.

“Mesmo que não tenha sido emitida nenhuma ordem de evacuação pelos vossos responsáveis locais, se se encontrarem numa área entre Corpus Christi e Houston, devem considerar seriamente sair das vossas casas”, disse o governante republicano.

O conselho, como nota o Washington Post, contrastava com as recomendações emitidas pelas autarquias e pelos condados texanos, onde a maioria dos habitantes foram aconselhados a permanecer em casa. “Os líderes locais é que sabem”, escreveu mesmo no Twitter o porta-voz do condado de Harris, Francisco Sanchez, desvalorizando as palavras do governador.

Na memória destes responsáveis locais, escreve o diário norte-americano, estará ainda a trágica e caótica evacuação de Houston decretada em Setembro de 2005, a poucas horas da chegada do furacão Rita. O movimento desordenado de mais de 2,5 milhões e meio de pessoas paralisou a cidade e mais de cem acabaram por morrer em diversos incidentes relacionados com o engarrafamento infernal, incluindo no incêndio que consumiu um autocarro que transportava idosos retirados de um lar (só ali, morreram 24 pessoas).

Permanecer em casa, na maioria destes casos, continua a ser a opção mais segura. Como recordava o Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos, nove em cada dez mortes causadas por um furacão estão relacionadas com inundações. E destas, a maioria ocorre na estrada.