Trump sob fogo por ter reacção morna a marcha fascista na Virgínia

FBI está a investigar o que se passou em Charlottesville. O Presidente foi o único político a não condenar em termos enérgicos a marcha dos extremistas.

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Movimentos de extrema-direita apoiaram eleição de Trump Jonathan Ernst/REUTERS

Donald Trump, raramente avesso a expressar a sua opinião, mostrou-se pouco empenhado em condenar directamente a manifestação de extrema-direita em Charlottesville, na Virgínia, promovida por líderes que apoiaram a sua eleição.

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Donald Trump, raramente avesso a expressar a sua opinião, mostrou-se pouco empenhado em condenar directamente a manifestação de extrema-direita em Charlottesville, na Virgínia, promovida por líderes que apoiaram a sua eleição.

O Procurador-Geral da República dos Estados Unidos, Jeff Sessions, pediu que fosse aberta uma investigação federal sobre a violência na manifestação, que resultou na morte de uma mulher de 32 anos, porque um supremacista branco de 20 anos atirou o carro que conduzia para cima de um grupo de contramanifestantes. Houve ainda 34 feridos e morreram dois polícias que seguiam num helicóptero que fazia a vigilância de Charlottesville e se despenhou. O FBI está já a trabalhar no caso.

O Presidente norte-americano condenou “a demonstração de ódio, intolerância, e violência de muitas partes, de muitas partes”, numa alusão aos confrontos, entre manifestantes antifascistas e os participantes na marcha, que incluiu grupos nazis, supremacistas brancos e activistas da alt-right.

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Apoiante de Trump na manifestação em Charlottesville Joshua Roberts/REUTERS

A falta de uma condenação clara dos grupos de extrema direita por Trump é vista como uma perigosa validação destes grupos extremistas, que por sua vez consideraram a sua eleição um passo em frente para as suas ideias. Muitos dos que se juntaram em Charlottesville, na maior demonstração deste género dos últimos anos, eram apoiantes declarados de Donald Trump.

"AMERICANS FIRST"

O Presidente ainda apelou à união de todos os cidadãos no Twitter, usando o seu lema de campanha: “We are ALL AMERICANS FIRST”, escreveu, em letras maiúsculas.

Com armas de fogo, paus e bastões, escudos, sprays de gás pimenta e outra parafernália, os manifestantes de extrema-direita foram preparados para o confronto.

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Manifestante do Movimento Nacional Socialista da América Joshua Roberts/REUTERS

Entre os líderes, por exemplo, esteve Richard Spencer – “uma versão de fato e gravata dos supremacistas brancos de antigamente, uma espécie de racista profissional que usa khakis”, na descrição da organização Southern Poverty Law Center, que estuda a extrema-direita nos Estados Unidos. Spencer foi um apoiante declarado de Donald Trump nas presidenciais.

Ou o ex-líder do Ku Klux Klan David Duke, também apoiante de Trump, que mesmo assim achou que as declarações do Presidente foram longe demais: “Recomendar-lhe-ia que olhasse bem para o espelho e se lembrasse que foram os americanos brancos que lhe deram a presidência, e não esquerdistas radicais”, escreveu no Twitter, pouco depois de Trump ter falado.

Após uma semana de ameaças incendiárias à Coreia do Norte, está a ser dura a reacção à fraca declaração do Presidente dos EUA sobre o sucedido na Virgínia, quando desfilaram nas ruas de uma cidade americana homens (as fotos mostram exclusivamente homens…) com bandeiras nazis e outras simbologias de grupos que incitam ao ódio racial. E com armas à mostra, prontos para o confronto.

“Esta é a sua gente, Presidente Trump”, escreveu o colunista do Washington Post Colbert I. King. “Trump sabe o que se passou naquelas ruas e quem foram os organizadores. É normal que o saiba. São algumas das forças que ajudaram a colocá-lo na Casa Branca”, declarou.

“Uma pessoa foi morta numa manifestação neonazi hoje. Aconteceu mesmo. Na América. Em 2017. Temos de dizer qual é a nossa posição – todos nós”, escreveu no Twitter a senadora democrata Elizabeth Warren, uma inimiga de estimação de Donald Trump.

"Terrorismo doméstico"

A posição dúbia do Presidente não teve adeptos no campo republicano, onde a manifestação foi condenada em termos enérgicos por vários políticos. “Os nazis, o Ku Klux Klan e supremacistas brancos são nojentos e maus”, disse o senador Ted Cruz. “Todos temos a obrigação moral de levantar a voz contra as mentiras, intolerância, anti-semitismo e ódio que propagam.”

O senador Cory Gardner referiu-se à manifestação na CNN como “terrorismo doméstico.” O seu colega Lindsey Graham disse na Fox que Trump “perdeu uma oportunidade de ser explícito”.

Houve tantas reacções críticas que a Casa Branca viu-se constrangida a esclarecer que Trump também condenou os manifestantes de extrema-direita. “O Presidente condenou o ódio, a intolerância e a violência de todas as origens e lados. Houve violência entre os manifestantes e contramanifestantes, incluindo supremacistas brancos, Ku Klux Klan, neonazis e todos os grupos extremistas”, disse um porta-voz, citado pela Reuters.