A vida é feita de pequenos nadas

Será ou não o melhor Jarmusch? E o que é que isso interessa perante um dos melhores filmes do ano?

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David Byrne é sempre alguém de profundamente citável, como sabemos, e esta até será uma daquelas citações tão óbvias que até dói: “Heaven is a place where nothing ever happens”, ou seja, “o paraíso é um sítio onde nunca nada acontece”.

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David Byrne é sempre alguém de profundamente citável, como sabemos, e esta até será uma daquelas citações tão óbvias que até dói: “Heaven is a place where nothing ever happens”, ou seja, “o paraíso é um sítio onde nunca nada acontece”.

Por essa ordem de ideias, a vida do motorista de autocarro e poeta nas horas vagas Paterson na cidadezinha de Paterson, Nova Jérsia, tal como filmada por Jim Jarmusch, está muito próximo desse paraíso que nada, nem mesmo um caderno destruído, um autocarro avariado ou um romântico narcisista, vem afectar. Paterson não tem parado de dividir os jarmuschianos indefectíveis entre aqueles que o acham obra menor e outros que o acham depuração maior de um estilo inconfundível. Estamos mais do lado destes últimos; mas se a sua posição na obra do cineasta americano ainda não está inteiramente definida, é desde já indubitável que esta pequena miniatura zen de pacata observação quotidiana e confortável minimalismo de sofá de família é um dos melhores filmes estreados em Portugal este ano.