ICA quer reforçar liderança e apaziguar o sector do cinema e audiovisual

Portugal ainda não é um produto cinematográfico competitivo, diz o novo presidente do Instituto do Cinema e Audiovisual, Luís Chaby Vaz

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Um mês depois de tomar posse, o presidente do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), Luís Chaby Vaz, quer ultrapassar "pequenas questões de beligerância" no sector e reforçar o papel de liderança do organismo, disse à agência Lusa.

Ainda a tomar o pulso ao sector, a contactar com os diferentes agentes do cinema e audiovisual, Luís Chaby Vaz traçou duas prioridades para os próximos meses: ter aprovada a alteração da regulamentação da lei do cinema, que tem causado alguma polémica, e definir um plano estratégico alargado pelo menos a oito anos.

Luís Chaby Vaz, com formação em Direito, ocupa agora o lugar deixado vago por Filomena Serras Pereira, que saiu do ICA em Maio debaixo de contestação por várias associações do sector, criticada por falta de liderança e por decisões tomadas sobre escolhas de júris dos concursos de apoio financeiro, no âmbito da actuação da Secção Especializada do Cinema e Audiovisual (SECA).

"O Instituto tem que assumir as suas responsabilidades, ou seja, o papel de liderança que tem de ter no sector. Seremos o primeiro alvo para quem as pessoas vão olhar quando as coisas correm menos bem. (...) Não há varinha de condão. Ninguém tem fórmulas mágicas. A primeira coisa é olhar para dentro de nós, estabilizar e criar um clima de confiança", disse.
O novo presidente do ICA explicou que vão ser feitas "pequenas reformas" na nova regulamentação da lei do cinema, nomeadamente uma "correcção técnica" na questão dos júris dos concursos, uma redução da burocracia nos acessos aos apoios financeiros e a transposição de normas europeias.

Ainda em discussão e sem adiantar mais pormenores por serem "decisões sensíveis", Luís Chaby Vaz referiu que, a nível comunitário, poderão entrar novos agentes financiadores no sector do cinema e audiovisual, nomeadamente "operadores de canais por cabo que não têm sede em Portugal".

Chaby Vaz, que já foi subdirector do Teatro Nacional São João e integrou a administração do Teatro Nacional D. Maria II, admitiu que não será fácil dirigir um instituto que trabalha para um "sector verdadeiramente beligerante" e que "está mais frágil do que há uns anos". "Gere recursos escassos e é impossível satisfazermos todos. Por maior que seja o envelope financeiro que tenhamos para distribuir, haverá sempre um conjunto enorme de pessoas insatisfeitas. Há sempre imensos motivos de insatisfação, muitas vezes pessoal, muita vez ideológica", afirmou.

Ainda assim, o director do ICA elogia as capacidades dos que trabalham nesta área: "Temos imaginação, espírito criativo, óptimos resultados cada vez que nos apresentamos internacionalmente. Precisamos de credibilizar o sector enquanto sector económico (...) Não podemos ter esta visão de que 'lá vêm os tipos do cinema apenas com uma mão estendida a fazerem os filmes que querem'. O sector é muito mais do que isso".

Luís Chaby Vaz quer "valorizar a economia do cinema e audiovisual" e por isso pede que se ultrapassem as "pequenas questões de beligerância" e as "discussões manifestamente estéreis que não contribuem nada para o reforço do sector".
Habitualmente, o ICA traça uma declaração anual de prioridades no apoio ao sector, em particular sobre a distribuição das verbas financeiras resultantes da cobrança de taxas, mas o novo director defende um novo desenho estratégico.

"O que é correcto é ouvirmos o sector, reforçarmos o papel da SECA nessa questão, ouvirmos qual o melhor caminho para chegarmos aos objectivos que pretendemos, e fazer as afinações necessárias. A declaração anual de prioridades é o momento ideal para isso", disse.

No essencial, com dúvidas se um dia haverá uma indústria do cinema em Portugal, Luís Chaby Vaz quer "criar um território favorável à criação" artística e ter oferta de trabalho para os profissionais. "É a melhor forma de fortalecer o sector".

O novo presidente ICA afirmou ainda em entrevista à agência Lusa que Portugal ainda não é um "produto cinematográfico competitivo" a nível internacional, porque precisa de mais promoção e regulação.  "É preciso arrumar a casa" para que o cinema e audiovisual portugueses se tornem mais "fortes e sólidos" do ponto de vista económico, disse.

O responsável quer, por exemplo, dar mais visibilidade ao recente programa de incentivos fiscais para produtores estrangeiros que queiram filmar em Portugal e torná-lo mais abrangente para as áreas da publicidade e audiovisual. O incentivo fiscal a produtores estrangeiros entrou em vigor em Abril e desde então a tutela recebeu apenas duas candidaturas, disse Luís Chaby Vaz, sublinhando que é preciso "fazer um esforço de lançamento efectivo da medida" em articulação com outras acções.

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Um mês depois de tomar posse, o presidente do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), Luís Chaby Vaz, quer ultrapassar "pequenas questões de beligerância" no sector e reforçar o papel de liderança do organismo, disse à agência Lusa.

Ainda a tomar o pulso ao sector, a contactar com os diferentes agentes do cinema e audiovisual, Luís Chaby Vaz traçou duas prioridades para os próximos meses: ter aprovada a alteração da regulamentação da lei do cinema, que tem causado alguma polémica, e definir um plano estratégico alargado pelo menos a oito anos.

Luís Chaby Vaz, com formação em Direito, ocupa agora o lugar deixado vago por Filomena Serras Pereira, que saiu do ICA em Maio debaixo de contestação por várias associações do sector, criticada por falta de liderança e por decisões tomadas sobre escolhas de júris dos concursos de apoio financeiro, no âmbito da actuação da Secção Especializada do Cinema e Audiovisual (SECA).

"O Instituto tem que assumir as suas responsabilidades, ou seja, o papel de liderança que tem de ter no sector. Seremos o primeiro alvo para quem as pessoas vão olhar quando as coisas correm menos bem. (...) Não há varinha de condão. Ninguém tem fórmulas mágicas. A primeira coisa é olhar para dentro de nós, estabilizar e criar um clima de confiança", disse.
O novo presidente do ICA explicou que vão ser feitas "pequenas reformas" na nova regulamentação da lei do cinema, nomeadamente uma "correcção técnica" na questão dos júris dos concursos, uma redução da burocracia nos acessos aos apoios financeiros e a transposição de normas europeias.

Ainda em discussão e sem adiantar mais pormenores por serem "decisões sensíveis", Luís Chaby Vaz referiu que, a nível comunitário, poderão entrar novos agentes financiadores no sector do cinema e audiovisual, nomeadamente "operadores de canais por cabo que não têm sede em Portugal".

Chaby Vaz, que já foi subdirector do Teatro Nacional São João e integrou a administração do Teatro Nacional D. Maria II, admitiu que não será fácil dirigir um instituto que trabalha para um "sector verdadeiramente beligerante" e que "está mais frágil do que há uns anos". "Gere recursos escassos e é impossível satisfazermos todos. Por maior que seja o envelope financeiro que tenhamos para distribuir, haverá sempre um conjunto enorme de pessoas insatisfeitas. Há sempre imensos motivos de insatisfação, muitas vezes pessoal, muita vez ideológica", afirmou.

Ainda assim, o director do ICA elogia as capacidades dos que trabalham nesta área: "Temos imaginação, espírito criativo, óptimos resultados cada vez que nos apresentamos internacionalmente. Precisamos de credibilizar o sector enquanto sector económico (...) Não podemos ter esta visão de que 'lá vêm os tipos do cinema apenas com uma mão estendida a fazerem os filmes que querem'. O sector é muito mais do que isso".

Luís Chaby Vaz quer "valorizar a economia do cinema e audiovisual" e por isso pede que se ultrapassem as "pequenas questões de beligerância" e as "discussões manifestamente estéreis que não contribuem nada para o reforço do sector".
Habitualmente, o ICA traça uma declaração anual de prioridades no apoio ao sector, em particular sobre a distribuição das verbas financeiras resultantes da cobrança de taxas, mas o novo director defende um novo desenho estratégico.

"O que é correcto é ouvirmos o sector, reforçarmos o papel da SECA nessa questão, ouvirmos qual o melhor caminho para chegarmos aos objectivos que pretendemos, e fazer as afinações necessárias. A declaração anual de prioridades é o momento ideal para isso", disse.

No essencial, com dúvidas se um dia haverá uma indústria do cinema em Portugal, Luís Chaby Vaz quer "criar um território favorável à criação" artística e ter oferta de trabalho para os profissionais. "É a melhor forma de fortalecer o sector".

O novo presidente ICA afirmou ainda em entrevista à agência Lusa que Portugal ainda não é um "produto cinematográfico competitivo" a nível internacional, porque precisa de mais promoção e regulação.  "É preciso arrumar a casa" para que o cinema e audiovisual portugueses se tornem mais "fortes e sólidos" do ponto de vista económico, disse.

O responsável quer, por exemplo, dar mais visibilidade ao recente programa de incentivos fiscais para produtores estrangeiros que queiram filmar em Portugal e torná-lo mais abrangente para as áreas da publicidade e audiovisual. O incentivo fiscal a produtores estrangeiros entrou em vigor em Abril e desde então a tutela recebeu apenas duas candidaturas, disse Luís Chaby Vaz, sublinhando que é preciso "fazer um esforço de lançamento efectivo da medida" em articulação com outras acções.

E deu como exemplo o trabalho das film commissions (comissões de cinema) que existem no país, estruturas que foram sendo criadas nos últimos anos, algumas com ligações às autarquias, para promover uma determinada região como destino de rodagem de produções estrangeiras. As film commissions "não são guias turísticos para directores de fotografia. É muito mais do que isso. É um sector económico que tem que dar respostas. As decisões de rodar em Portugal ou noutro sítio concorrente prendem-se com a nossa rapidez e clareza na captação do negócio. Só depois é que podemos enfrentar esse esforço de promoção com sucesso", alertou Luís Chaby Vaz.

O director do ICA disse que já fez contactos com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) para melhorar e uniformizar a actuação das film commissions, nomeadamente com formação interna em rede e em articulação com as autarquias e o turismo. "As rodagens são factores de empregabilidade, ainda que temporário. Temos que fazer um trabalho de pedagogia e criar uma estrutura mais sólida de resposta", sublinhou.

Na entrevista à agência Lusa, Luís Chaby Vaz afirmou ainda que o ICA deve afinar algumas linhas programáticas de actuação para valorizar mais o cinema português, nomeadamente o Plano Nacional de Cinema, em articulação com o Ministério da Educação, e a iniciativa Cinema Português em Movimento, que chega a localidades onde não há exibição regular de filmes.

"[São] duas iniciativas meritórias, mas tenho dúvidas. São válidas, mas não tenho a certeza que estejam a correr da melhor forma e que estejam a atingir os resultados que, quando foram lançadas, as pessoas pretendiam", opinou.

Luís Chaby Vaz sublinhou que o cinema português "é pouco valorizado internamente" e devia ser motivo de orgulho. "Parece uma excentricidade alguém no estrangeiro reconhecer que os nossos criadores têm talento. É preciso um esforço de aproximação do público nacional ao cinema que é produzido em Portugal. Isto não quer dizer infantilizar o produto do cinema, mas quer dizer formar o público e as pessoas, habituá-las a ter uma educação para a imagem e para o cinema português, diferente, mais inclusiva e mais inteligente", disse.

E rematou: "Ninguém começa a ler indo directo ao [James] Joyce, tal como se calhar ninguém deve ser confrontado com o cinema português indo directamente a um filme do João Pedro Rodrigues, Teresa Villaverde ou Pedro Costa. Há um esforço de educação e explicação do que estamos a fazer, porque o produto português é muito bom e precisa de ser valorizado e interpretado".

Luís Chaby Vaz assume a presidência do conselho directivo do ICA acompanhado de Maria Mineiro como vice-presidente.