Ministro da Educação: "Os exames não são a finalidade das aprendizagens"

Tiago Brandão Rodrigues garante que não é anti-exames. Diz que estes são um "instrumento que permite a cada estudante mostrar a si mesmo e aos seus professores" o que aprendeu.

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Ministro diz que trudo lhe correu de feição no secundário e nas provas de acesso ao superior Nuno Ferreira Santos

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, aconselha aos alunos que tenham “tranquilidade” nos exames dos próximos dias e diz que está de acordo com esta forma de avaliação no final do ensino básico e do secundário. Em respostas por email ao PÚBLICO, confessa que não se lembra da sua média de acesso ao superior, mas acrescenta que tudo lhe correu de feição.

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O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, aconselha aos alunos que tenham “tranquilidade” nos exames dos próximos dias e diz que está de acordo com esta forma de avaliação no final do ensino básico e do secundário. Em respostas por email ao PÚBLICO, confessa que não se lembra da sua média de acesso ao superior, mas acrescenta que tudo lhe correu de feição.

O que é que um ministro que parece ser anti-exames tem a dizer aos alunos que vão iniciar esta avaliação amanhã, dia 19? 
Não existe qualquer postura anti-exames. Estes têm o lugar certo para complementar a avaliação contínua e interna do aluno quando este conclui cada nível de ensino, ou seja, no final do básico e no secundário. Aquilo que temos dito é simples: os exames não são a finalidade das aprendizagens. A avaliação é que deve ser instrumento ao serviço das aprendizagens. 

Tenho apenas uma palavra a dizer aos alunos que terão exames: tranquilidade. A tranquilidade de saber que o seu trabalho empenhado ao longo do ano tem agora mais um momento em que emerge. A tranquilidade de saber que os exames versam sobre o que já aprenderam e não sobre o que está por ensinar, pelo que a grande preparação é resultado do trabalho feito ao longo do ano.

A escola é isso mesmo, o lugar onde se ensina e onde se aprende. 

Os exames têm contribuído para as aprendizagens dos alunos?
Os exames, como as provas de aferição, e todos os instrumentos de avaliação contínua são, antes de mais, uma fonte de dados ao dispor dos alunos. Um instrumento que permite a cada estudante mostrar a si mesmo e aos seus professores como sistematizam e como expressam o que aprenderam em cada área do saber e como o relacionam com o que cada pergunta os interpela. 

Os exames são tão mais úteis quanto melhor for o processo contínuo de ensino e a avaliação aí realizada. É importante também que os exames tenham qualidade para que possibilitem promover relações entre o que os alunos aprenderam em diferentes matérias, encorajando o seu pensamento a partir do que sabem e além do que sabem.

O que fazer quando há sempre escolas que recorrentemente ficam mal classificadas nesta avaliação e quando os relatórios sobre exames dão conta sistematicamente que os alunos têm dificuldades acrescidas com problemas, com o pensamento abstracto, com a aplicação de conhecimentos a situações novas e que lhes falta espírito crítico?
Insistir. Trabalhar. E diferenciar.

Insistir em todos os alunos, escolas e contextos que apresentem mais dificuldades, dotando-as de mecanismos para executarem as suas estratégias de promoção do sucesso escolar.

Trabalhar com exigência, com rigor, mas também com inovação e personalização, para que o ensino seja o mesmo para todos, mas transmitido da forma mais eficaz para cada um. 

Diferenciar, para que as áreas em que a generalidade dos alunos apresenta maiores carências sejam alvo de uma atenção especial nos métodos e conteúdos de ensino, relacionando-as com áreas em que esses mesmos alunos são mais fortes. Assim, não haverá acantonamento de alunos em relação a áreas do saber que lhes são indispensáveis e possibilita, inversamente, o seu envolvimento em todas as áreas da aprendizagem que a escolaridade obrigatória e o respectivo perfil do aluno identificam como essenciais. 

Fez exames no ensino secundário? Com que média entrou na faculdade?
Fiz muitos testes ao longo do secundário e, no seu final, fiz as chamadas provas específicas, necessárias para acesso ao Ensino Superior. Tenho de confessar que não me lembro da média exacta de entrada para o ensino superior mas recordo-me de tudo ter corrido muito de feição (tanto no secundário como nas provas específicas), possibilitando-me escolher o par “licenciatura-instituição” que desejava sem nenhum problema [Bioquímica na Universidade de Coimbra].