A pior despedida de solteira

Girls Night parece uma Ressaca de segunda, mas é mais interessante do que isso.

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Girls Night: mais cabeça do que é normal

Tudo no modo como Girls Night está a ser “vendido” pela Columbia sugere uma versão feminina da Ressaca original de Todd Phillips (2009) cruzada com o humor desconfortável da Melhor Despedida de Solteira de Paul Feig (2011): uma despedida de solteira de loucos que dá para o azar. Girls Night também é isso — e dificilmente teria chegado à produção se Despedida de Solteira não tivesse enfiado a possibilidade da comédia adulta no feminino ter sucesso pelas goelas acima dos estúdios cépticos — mas felizmente é um bocadinho mais: a primeira longa de Lucia Aniello, parte da equipa regular da aclamada comédia televisiva de culto Broad City, não tem medo de entrar por terrenos mais escuros.

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Tudo no modo como Girls Night está a ser “vendido” pela Columbia sugere uma versão feminina da Ressaca original de Todd Phillips (2009) cruzada com o humor desconfortável da Melhor Despedida de Solteira de Paul Feig (2011): uma despedida de solteira de loucos que dá para o azar. Girls Night também é isso — e dificilmente teria chegado à produção se Despedida de Solteira não tivesse enfiado a possibilidade da comédia adulta no feminino ter sucesso pelas goelas acima dos estúdios cépticos — mas felizmente é um bocadinho mais: a primeira longa de Lucia Aniello, parte da equipa regular da aclamada comédia televisiva de culto Broad City, não tem medo de entrar por terrenos mais escuros.

O “azar” que cai em cima das cinco amigas de fim-de-semana em Miami — uma das quais está na corrida para senadora estatal — é um stripper morto na casa alugada, o que lança o filme para terrenos mais próximos da comédia policial ou até do humor negro de que às vezes Hitchcock gostava.

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São pistas que o filme depois não desenvolve, mas já é bom que se sinta aqui mais cabeça do que é normal, pelo meio de um humor sempre a fazer fintas ao bom gosto mas, no geral, fica do lado certo da linha e não é tão burro como pode parecer. Outro ponto a favor: mesmo com uma vedeta hollywoodiana (Scarlett Johansson solta como talvez nunca a tenhamos visto), Girls Night é efectivamente um filme de conjunto, onde Kate McKinnon, Jillian Bell, Ilana Glazer (uma hilariante activista esquerda caviar) e Zoë Kravitz não estão lá apenas para fazer figura, têm de facto personagens que defendem com brio.

Há uma evidente rendição à fórmula de Despedida de Solteira (Bell está claramente a “fazer” de Melissa McCarthy, Johansson é Kristen Wiig), e também aquela confirmação de que as comédias modernas são realizadas de modo mais funcional do que inspirado. Nada que chegue para anular o capital de simpatia e graça de um filme que é mais interessante do que parece. Com algum jeitinho, está aqui o Descarrilada deste ano.