Novo Banco: “Estado podia ter continuado até encontrar uma solução credível”

“Sempre disse que o NB nunca seria vendido a uma entidade que tivesse de explicar o porquê do investimento. E o Lone Star não tem que prestar contas”, lembra Jardim Gonçalves.

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“Não entendo como é que o Banco de Portugal aceitou esta solução” Nuno Ferreira Santos

Jardim Gonçalves diz que não entende a anunciada venda do Novo Banco (NB) ao fundo norte-americano Lone Star e defende que deveria ter sido dado tempo para que o banco se recompusesse antes de ser vendido.

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Jardim Gonçalves diz que não entende a anunciada venda do Novo Banco (NB) ao fundo norte-americano Lone Star e defende que deveria ter sido dado tempo para que o banco se recompusesse antes de ser vendido.

“Sempre disse que o NB nunca seria vendido a uma entidade que tivesse de explicar o porquê do investimento. E o Lone Star não tem que prestar contas”, sublinha o fundador do BCP. Para Jardim Gonçalves, “o Estado podia ter continuado no NB até encontrar uma solução credível”. Seria preferível uma nacionalização do Banco Espírito Santo? “Depende da gestão que se somasse à nacionalização. Havia que dar tempo para se vender o banco e o Governo devia impor-se às instituições europeias”, sublinha o banqueiro, adiantando que se deveria ter “garantido que o banco seria vendido quando fosse oportuno, pois há um empréstimo estatal ao Fundo de Resolução (FR)”. Não o tendo feito, “o que o Governo disse ao Lone Star foi isto: ‘Queres o NB, toma-o. Mas o problema fica do nosso lado.’”.

Agora, prossegue Jardim Gonçalves, há um dado que é certo: “O FR é uma fonte de litígios. E não entendo como é que o Banco de Portugal aceitou esta solução que não se repetiu em mais lado algum. E não resolve nada. O risco sistémico no sector foi introduzido pelas autoridades, Governo e supervisores nacionais e europeus”, afirma Jardim Gonçalves.

As instâncias europeias são um problema? “Não vale a pena estar contra o euro ou ser eurocéptico, é uma fantasia. Mas eu posso ser europeísta e discordar da governação da Europa. E o que Bruxelas fez, ao exigir, num momento de crise, que os rácios de capital da banca subissem subitamente de oito para 11%, com empréstimos caríssimos, em vez de o exigir de forma gradual, não faz sentido. Sobretudo quando se sabe que uma instituição financeira, quando cai, cai sempre por falta de liquidez, não por falta de rácio de capital”.