Trump responde às críticas de Merkel e abre guerra de palavras com a Alemanha

O Presidente norte-americano acusou a Alemanha de pagar "muito menos" do que devia na NATO. "Isto vai mudar", garante. A resposta alemã não se fez esperar.

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Reuters/PHILIPPE WOJAZER

Depois de a chanceler alemã, Angela Merkel, ter afirmado que a Europa já não pode confiar totalmente nos seus aliados, comentando as cimeiras da NATO e do G7, Donald Trump utilizou o Twitter para responder, numa publicação que foi mal recebida por terras germânicas. Trump queixou-se do défice comercial maciço que os Estados Unidos têm em relação à Alemanha e de que os alemães pagam menos do que deviam à Aliança Atlântica. Da Alemanha a resposta partiu do SPD, partido parceiro da CDU de Merkel no Governo, acusando-o de chantagem política, de causar a destruição dos valores ocidentais ou de prejudicar a cooperação internacional.

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Depois de a chanceler alemã, Angela Merkel, ter afirmado que a Europa já não pode confiar totalmente nos seus aliados, comentando as cimeiras da NATO e do G7, Donald Trump utilizou o Twitter para responder, numa publicação que foi mal recebida por terras germânicas. Trump queixou-se do défice comercial maciço que os Estados Unidos têm em relação à Alemanha e de que os alemães pagam menos do que deviam à Aliança Atlântica. Da Alemanha a resposta partiu do SPD, partido parceiro da CDU de Merkel no Governo, acusando-o de chantagem política, de causar a destruição dos valores ocidentais ou de prejudicar a cooperação internacional.

Angela Merkel não mencionou o nome do Presidente dos EUA, que tinha criticado os membros da Aliança Atlântica e recusou comprometer-se com a aplicação do Acordo de Paris sobre alterações climáticas. Porém, disse em Munique, numa tenda de cerveja, no passado fim-de-semana, que os dias em que a Europa sabia que podia contar com a América "terminaram".

"Comprovei isso nos últimos dias", disse Merkel. "E é por isso que só posso dizer que nós, europeus, temos de agarrar as rédeas do nosso próprio destino – mantendo, claro, a nossa amizade com os Estados Unidos, com o Reino Unido e na medida do que for possível com os outros países, mesmo com a Rússia", declarou. "Mas temos que saber que temos que ser nós a lutar pelo nosso futuro e pelo nosso futuro como europeus", acrescentou.

Esta terça-feira, foi a vez de Donald Trump responder: “Temos um défice comercial maciço com a Alemanha, além de que eles pagam muito menos do que deviam na NATO e militarmente. Muito mau para os EUA. Isto vai mudar”. 

Sigmar Gabriel, ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, do SPD, foi o mais alto responsável a responder a Trump, admitindo que as relações entre as duas nações estão a passar uma fase difícil mas que esta será ultrapassada. “É verdade que temos uma situação difícil nas relações entre os EUA e a Alemanha”, cita a Reuters. “Mas os EUA são mais antigos e maiores do que o actual conflito e por isso penso que voltaremos às boas relações no futuro”, disse Gabriel.

Apesar de uma primeira tentativa de pôr água na fervura, Gabriel criticou a forma de comunicação entre o líder norte-americano e a chanceler alemã: “As coisas estão a banalizar-se. Acho que é desapropriado que agora comuniquemos entre uma tenda de cerveja e o Twitter”.

Antes, já Martin Schulz, líder do SPD, e que vai concorrer contra Merkel nas eleições alemãs, havia ripostado, acusando o Presidente norte-americano de ser “o destruidor de todos os valores ocidentais”, e de “chantagem política”. Considerou que Trump está a prejudicar a cooperação internacional pacífica baseada no respeito e tolerância: “O novo Presidente dos EUA não confia na cooperação internacional, mas sim no isolacionismo e no alegado direito do mais forte”, atirou ainda Schulz, defendendo que “é preciso impedir o caminho de tal homem com a sua ideologia de agitação”, cita a revista Der Spiegel.

Thomas Oppermann, líder do grupo parlamentar do SPD, também criticou Trump pela sua comunicação via Twitter: “Donald Trump deixou claro no seu tweet que considera a Alemanha um adversário político”.