Paulo Macedo defende que banca portuguesa tem “excesso de liquidez”

CGD “tem mais de quatro mil milhões de euros” para aumentar quota “junto das empresas de Lisboa”

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Rui Gaudencio

O presidente da comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, defendeu esta terça-feira que o sector bancário português "tem claramente excesso de liquidez". “Independentemente dos maus resultados da banca nesta década, que é de facto uma década perdida, os bancos, mesmo com lucros nos próximos cinco anos, não vão compensar as perdas que tiveram nos últimos cinco", acrescentou, citado pela Lusa.  

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O presidente da comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, defendeu esta terça-feira que o sector bancário português "tem claramente excesso de liquidez". “Independentemente dos maus resultados da banca nesta década, que é de facto uma década perdida, os bancos, mesmo com lucros nos próximos cinco anos, não vão compensar as perdas que tiveram nos últimos cinco", acrescentou, citado pela Lusa.  

No caso da instituição financeira que lidera, e que actualmente tem em curso um plano estratégico que inclui a recapitalização, redução de pessoal e diminuição de balcões, Paulo Macedo, que falava hoje no encerramento do 3.º Encontro Fora da Caixa, organizado pela CGD na Aula Magna, em Lisboa, reafirmou a orientação do banco público. E quanto tem para ganhar quota no sector empresarial.

Durante a sua intervenção, Paulo Macedo referiu-se à rede de agências do banco em todo o território, afirmando que "há uma moda de dizer que, se a Caixa tem agências, então que as feche todas em Lisboa e que mantenha as outras abertas no interior", uma opção da qual discorda.

"Entendemos que não deve ser assim. A Caixa continuará a ter a maior rede de agências do país e continuará a servir o país de Norte a Sul, mas queremos acompanhar as agências de Lisboa de uma forma próxima", disse, recordando que o banco público tem uma quota de mercado de 27% em Lisboa, inferior à que se verifica no interior, que é de cerca de 45%.

"O que queremos é aumentar essa quota junto das empresas de Lisboa e, para isso, a CGD tem mais de quatro mil milhões de euros. O orçamento existe, a liquidez existe, os rácios de capital existem, assim haja projectos que seja possível aprovar", acrescentou.

"A Caixa quer conceder crédito aos bons projectos porque tem liquidez e tem rácios de capital e tem rácios de transformação abaixo de 100%", lançou, considerando que "dizer isto desta maneira clara talvez seja alguma novidade relativamente há três anos", disse, citado pela agência noticiosa.  

Entre “Caixa e a caixinha”

Já quanto à dimensão da CGD e à sua capacidade operativa, Paulo Macedo defendeu que tudo depende do capital que o banco estatal tiver: "Quando se fala se a Caixa é uma caixa ou uma caixinha, obviamente que isso depende do capital que tiver. Se a Caixa tiver um elevado capital pode estar em todos os seus segmentos de mercado, pode ter operações no estrangeiro, mas, se não tiver capital, pois que terá alienar activos e isto não é qualquer desejo ou capricho, é apenas uma consequência".

Aos jornalistas, quando questionado sobre se a CGD pretende fechar a sua operação em França, Paulo Macedo respondeu que a actividade naquele país "é rentável e próxima dos emigrantes", mas não se comprometeu de forma clara. "O que posso dizer é que gostaríamos de a manter", disse.

Quando interrogado sobre se o encerramento do balcão de Almeida, o presidente da comissão executiva da CGD disse sobre isso "não há qualquer dúvida nem qualquer dado novo" e que, por um lado, prosseguem as negociações com os autarcas para procurar "satisfazer as necessidades das pessoas" e que, por outro, todas os serviços prestados decorrem "com normalidade".

Saída do PDE é “excelente notícia”. Mais ainda para a CGD

Sobre a saída de Portugal do Procedimento dos Défices Excessivos (PDE), Paulo Macedo defendeu que a decisão de Bruxelas "é obviamente uma excelente notícia", não só "pelo que isso significa em termos de margem de manobra para o país", mas também pelo que representa "em termos de confiança".

Para o responsável da Caixa, "claramente" que o facto de Portugal "estar a cumprir as regras da União Europeia" e "ter havido unanimidade na decisão" são aspectos "bastante positivos", acrescentando que uma subida do 'rating' da República por parte das maiores agências de notação financeira é importante para todo o sector financeiro "mas é ainda mais importante no caso da CGD, porque há uma grande ligação entre o 'rating' da República e o 'rating' da CGD".