Adeus inocência

Uma curiosa e modesta primeira obra - Mocidade - que adapta o Conrad da marinharia com alguma inteligência e atenção aos actores.

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Adaptar Joseph Conrad é uma curiosa escolha para uma primeira longa, mas a opção do francês Julien Samani (que mostrou alguns trabalhos no Curtas Vila do Conde) de actualizar Mocidade, conto de 1898, para os nossos dias manifesta uma apreciável inteligência.

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Adaptar Joseph Conrad é uma curiosa escolha para uma primeira longa, mas a opção do francês Julien Samani (que mostrou alguns trabalhos no Curtas Vila do Conde) de actualizar Mocidade, conto de 1898, para os nossos dias manifesta uma apreciável inteligência.

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VIDEO_CENTRAL

A história de um jovem voluntarioso e inexperiente, apaixonado pelo romantismo aventureiro da velha marinharia e que acabará por aprender às suas custas que esse romantismo pertencia a uma inocência que já não existe, tem algo de particularmente ressonante nos nossos dias de velocidade, e Samani faz valer a evidente limitação orçamental do filme a seu favor: tudo se passa em décor quase único, um cargueiro decrépito que é o único barco onde o inexperiente Zico (Kévin Azaïs) encontra passagem.

Este barco, uma espécie de “caixote do lixo” literalmente a dar as últimas comandado por um Jean-François Stévenin quebrado pela vida, e esta tripulação são árvores que insistem teimosamente em manter-se de pé, numa espécie de “última viagem” de desafio.

Juventude torna-se, assim, numa curiosa meditação sobre a dignidade, um filme onde a própria modéstia da sua produção joga a favor da história que conta, mesmo que Samani, bastante bom com os actores e com o ambiente algo esfarrapado de um mundo em vias de extinção, não consiga escapar a uma certa banalidade de encenação que aqui e ali escorrega para o cliché televisivo. É um filme simpático, mas inconclusivo.