Teixeira dos Santos não tem dúvidas: "Vamos todos pagar" o Novo Banco

O antigo ministro das Finanças acredita que todas as soluções para o banco vão ser pagas pelos portugueses.

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Teixeira dos Santos defende que a nacionalização do Novo Banco "não faz sentido" Miguel Manso/Arquivo

O ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos afirmou ser contra a nacionalização do Novo Banco, porque que há "risco" para o Estado e porque "mais tarde ou mais cedo os portugueses vão pagar a factura". Em entrevista ao Dinheiro Vivo e rádio TSF, a ser divulgada na íntegra no domingo, Fernando Teixeira dos Santos disse "não ter dúvidas" de que todas as perdas que resultem da operação "serão pagas pelos portugueses".

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O ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos afirmou ser contra a nacionalização do Novo Banco, porque que há "risco" para o Estado e porque "mais tarde ou mais cedo os portugueses vão pagar a factura". Em entrevista ao Dinheiro Vivo e rádio TSF, a ser divulgada na íntegra no domingo, Fernando Teixeira dos Santos disse "não ter dúvidas" de que todas as perdas que resultem da operação "serão pagas pelos portugueses".

Actualmente a opção de nacionalização não está em negociação e discute-se a venda da instituição bancária, com a possibilidade de o Estado ficar com 25% do capital, mas sem direito de voto e sem a possibilidade de nomear um administrador, uma opção chumbada por Teixeira dos Santos, que, enquanto ministro das Finanças, decidiu em 2008 nacionalizar o BPN. O ministro sublinhou que é "a favor da venda", mas alertou para os perigos, salientando que, na prática, o "Estado está a dar uma garantia ainda que com outro nome".

"Quando a venda à Lone Star foi anunciada dizia-se que o fundo queria uma garantia do Estado para acautelar algumas contingências que pudessem vir a afectar o valor do Novo Banco. A solução em que o Estado mantém 25% da participação no banco e é um parceiro mudo, sem qualquer interferência na gestão nem sequer com direito de voto, é uma forma de partilhar um risco da operação, ou seja, é uma forma de garantir que o Estado vai suportar, por essa via, aquilo que possam vir a ser vicissitudes no futuro do Novo Banco", afirmou.

"Vamos todos pagar isto. Este é um encargo que vai ser repercutido nos cidadãos", sublinhou o ex-ministro das Finanças e actual presidente do banco BIC, lembrando que qualquer encargo que tenha de ser assumido pelos bancos que financiam o Fundo de Resolução vai ser pago através do aumento das taxas bancárias.

"Se o Estado mantiver 25% no banco e for um parceiro mudo, é uma forma de partilhar o risco da operação. Pode correr bem ou pode correr mal", considera. Para o antigo ministro, "não faz sentido o Estado não ter direito de voto".

"Veja-se o que se está a passar com a CGD. O processo político e a pressão para que a CGD não melhore a sua operação. Imagine-se com o Novo Banco", conclui.

O Novo Banco é o banco de transição que ficou com os activos menos problemáticos do Banco Espírito Santo (BES), alvo de uma intervenção das autoridades em 3 de Agosto de 2014. O seu processo de venda ao fundo de investimento norte-americano Lone Star - imposto pela Comissão Europeia até ao Verão e que está a ser negociado desde Fevereiro -, está na fase final e a assinatura será feita esta semana, confirmou na quarta-feira o ministro das Finanças, Mário Centeno, em Londres. O Fundo de Resolução deverá ficar com 25% de uma futura venda, como avança o PÚBLICO nesta quinta-feira.