Líderes europeus reagem ao "Brexit": “Um dia muito triste” para a Europa

Os dirigentes europeus foram unânimes nos lamentos pela oficialização da saída do Reino Unido da UE, mas também aproveitaram para deixar alguns recados.

Foto
Donald Tusk segura a carta enviada por Theresa May que formaliza o processo de saída do Reino Unido da UE Reuters/YVES HERMAN

Foi entre os avisos e os lamentos que os principais responsáveis europeus reagiram ao início oficial do processo de saída do Reino Unido da União Europeia.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Foi entre os avisos e os lamentos que os principais responsáveis europeus reagiram ao início oficial do processo de saída do Reino Unido da União Europeia.

A face da resposta europeia foi a do presidente do Conselho, Donald Tusk, que recebeu a carta da primeira-ministra, Theresa May, que materializa a intenção de Londres de abandonar o espaço comunitário ao fim de 43 anos. “Já sentimos a vossa falta”, afirmou Tusk no final de uma curta declaração.

O polaco reconheceu não haver razões para “fingir que este é um dia feliz”, mas garantiu que o “Brexit” acabou por unir os restantes 27 Estados-membro em torno do projecto europeu. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse simplesmente estar “muito triste”.

O presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, também reconheceu: “Hoje não é um bom dia”. Mas garantiu que a instituição está preparada para avançar. “Não alcançar um acordo sobre os direitos dos cidadãos da UE significa não chegar a qualquer acordo”, acrescentou.

O PE assume uma importância decisiva no processo de saída do Reino Unido, uma vez que cabe aos eurodeputados a última palavra quanto à viabilidade de um acordo. E, pelas palavras do líder do Partido Popular Europeu – aquele que tem maior representação em Estrasburgo –, o caminho não será nada fácil. "Temos de ter uma posição muito dura em relação ao 'Brexit'”, afirmou Manfred Weber.

Pouco depois de Theresa May ter enviado a carta que invocava o artigo 50.º do Tratado de Lisboa, Weber deixava bem claro que “a partir de agora, só os interesses de 440 milhões de europeus é que contam”.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse aceitar “a decisão democrática dos eleitores britânicos”, embora lamente a perda “de um importante e forte Estado-membro”. Num recado aparentemente direccionado a Theresa May, Merkel rejeitou a ideia de se realizarem negociações paralelas – de um acordo de saída e de uma parceria comercial, ao mesmo tempo – algo que é desejado em Londres.

Em viagem pela Indonésia, o Presidente francês, François Hollande, admitiu que o “Brexit” será “sentimentalmente doloroso” para a Europa e “economicamente doloroso” para o Reino Unido, embora tenha deixado claro não haver intenção de “punição”.

O primeiro-ministro maltês, Joseph Muscat, que retém a presidência rotativa do Conselho da UE, sublinhou a necessidade de manter a cooperação no quadro da segurança e da luta contra o terrorismo.

Houve ainda quem tenha preferido encarar o dia como o início de um período de trabalho extra. Foi o caso do principal negociador europeu, Michel Barnier, que publicou, no Twitter, uma fotografia da equipa que durante os próximos dois anos se vai sentar com os homólogos britânicos.