Trabalhadores e sindicatos dizem que Metro vai buscar "chefias" à Carris e Transtejo

Dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal diz que "há pessoas que se preparam para rescindir com as empresas onde estão para entrar depois no Metropolitano". Em causa estão empresas da extinta Transportes de Lisboa.

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Bruno Lisita

A Comissão de Trabalhadores do Metro de Lisboa e sindicatos do sector acusam a empresa de tentar contratar para “funções técnicas e de chefia” trabalhadores da Carris e Transtejo/Soflusa “quando existem, na empresa, pessoas válidas e disponíveis” para o desempenho dos cargos em questão. Estas empresas constituíam, juntamente com o Metropolitano, a Transportes de Lisboa, empresa extinta em Janeiro quando entrou em vigor a lei que devolveu a autonomia às três empresas de transportes.

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A Comissão de Trabalhadores do Metro de Lisboa e sindicatos do sector acusam a empresa de tentar contratar para “funções técnicas e de chefia” trabalhadores da Carris e Transtejo/Soflusa “quando existem, na empresa, pessoas válidas e disponíveis” para o desempenho dos cargos em questão. Estas empresas constituíam, juntamente com o Metropolitano, a Transportes de Lisboa, empresa extinta em Janeiro quando entrou em vigor a lei que devolveu a autonomia às três empresas de transportes.

De acordo com os trabalhadores e as frentes sindicais, “existem fortes indícios” de que o conselho de administração da empresa está a efectuar diligências para “possibilitar a entrada ao serviço do Metropolitano de Lisboa de pessoas vindas de outras empresas (Carris e Transtejo/Soflusa)”, lê-se na carta aberta enviada ao primeiro-ministro pela Comissão de Trabalhadores (CT), Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) e Sindicato de Quadros e Técnicos (SENSIQ).

Segundo o dirigente sindical do STRUP, Paulo Machado, os trabalhadores “perceberam as movimentações que estavam a acontecer: há pessoas que se preparam para rescindir com as empresas onde estão para entrar depois no Metropolitano”. Para o sindicalista, “há aqui algum desbaste de dinheiro público”.

Também para o porta-voz da Comissão de Trabalhadores, Paulo Alves, esta é uma questão de “delapidação de dinheiros públicos”, pois “são pessoas que saem da Carris com indemnização e no dia seguinte entram ao serviço no Metro.”

O trabalhador ressalva que existem “pessoas no Metro com provas dadas” que se encontram “disponíveis”, por não terem qualquer função atribuída. De acordo com o STRUP, “até há pouco tempo, havia 11 pessoas” nesta situação. A comissão de trabalhadores afirma ainda que, caso se confirme, esta será uma contratação “anormalmente rápida, quando a empresa está há um ano para comprar máquinas e contratar trabalhadores”.

Os trabalhadores lembram na carta a António Costa que o seu executivo anunciou, aquando da inauguração da estação da Reboleira em Abril de 2016, 30 novas contratações para o Metro de Lisboa, "devendo esse processo ser iniciado no imediato", citava o Jornal de Negócios. O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, informou entretanto que os trabalhadores já estão em formação, mas este processo ainda não está concluído.

Para os trabalhadores, esta situação comporta consequências: “Assistimos diariamente a dezenas de circulações suprimidas, a tempos de espera entre comboios mais elevados do que o desejável, a estações desguarnecidas, postos de venda fechados, material circulante parado, estações com problemas de instalações e a trabalhadores que estão em situação de desgaste extremo”.

A carta aberta, enviada a 17 de Março, foi tornada pública depois da comissão de trabalhadores “ter contactado com Conselho de Administração, ministérios do Ambiente e das Finanças e primeiro-ministro” e não ter obtido resposta, afirmou Paulo Alves. Para que a contratação avance, estes dois ministérios têm que dar o seu aval.

Questionado pelo PÚBLICO, o Metropolitano de Lisboa disse não considerar “oportuno comentar assuntos do foro interno e da gestão corrente da empresa”.

A Comissão de Trabalhadores afirma que sempre foi contra o modelo da Transportes de Lisboa, dizendo que este “não era positivo para o Estado, os utentes e os trabalhadores”. Este modelo foi extinto com a entrada em vigor, em Janeiro de 2017, da lei que devolveu autonomia às três empresas e acabou com a empresa-chapéu, criada pelo governo PDS/CDS para acumular funções dos membros executivos dos conselhos de administração do Metropolitano de Lisboa, Carris e Transtejo/Soflusa. Os trabalhadores dizem não aceitar que, com “a separação jurídica e funcional da empresa, se esteja a considerar esta hipótese”.