Mais crescimento na zona euro apesar das “águas agitadas” na Europa

Bruxelas melhora perspectivas económicas para a zona euro, que crescerá ao ritmo da Alemanha: 1,6% este ano.

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As previsões foram apresentadas pelo comissário Moscovici em Bruxelas, nesta segunda-feira Reuters/FRANCOIS LENOIR

Embora mais optimista do que há três meses em relação à trajectória de crescimento na Europa ao ver a economia da zona euro avançar 1,6 % este ano e 1,8 % no próximo, a Comissão Europeia mostra-se mais cautelosa do que nunca quanto às perspectivas económicas dos próximos tempos.

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Embora mais optimista do que há três meses em relação à trajectória de crescimento na Europa ao ver a economia da zona euro avançar 1,6 % este ano e 1,8 % no próximo, a Comissão Europeia mostra-se mais cautelosa do que nunca quanto às perspectivas económicas dos próximos tempos.

O grau de incerteza é tanto que, ao divulgar nesta segunda-feira as Previsões de Inverno, a expressão escolhida para ilustrar as perspectivas da Europa em 2017 não podia ser mais sombria: “Navegar em águas agitadas”. Uma outra forma de dizer que há “riscos excepcionais” e uma “incerteza particularmente elevada” a ter em conta. Em suma: o “Brexit”, as eleições na Holanda, na França, na Alemanha e eventualmente em Itália, e o quadro de relacionamento da Europa com os Estados Unidos na era Trump.

Bruxelas reviu ligeiramente em alta as projecções de crescimento do PIB da zona euro de 2017 e 2018, contando com uma melhoria de um ponto percentual face ao que previa em Novembro (variações de 1,5% e 1,7%). E embora haja uma aceleração face ao que era projectado em Novembro, o nível de crescimento agora previsto para 2017 continua a ser mais baixo do que o valor de 2016, em que a economia terá crescido 1,7%.

Em relação à Alemanha, Bruxelas também reviu em alta as previsões, contando que a maior economia da moeda única cresça 1,6% este ano e 1,8% em 2018, exactamente ao mesmo ritmo da média dos 19 países do euro.

Para outros países, os valores foram igualmente revistos em alta: Portugal (1,6% este ano, à média da zona euro), Luxemburgo, Holanda, Lituânia, Finlândia ou Eslovénia. Mas França, a segunda economia, não foi um desses casos. Nem a Itália e a Espanha, as economias que se seguem, para quem Bruxelas não vê melhorias face a Novembro.

Aumentar

A previsão é que a economia francesa avance 1,4% este ano, crescendo mais do que em 2016, e que acelere 1,7% em 2018.

Itália deverá crescer apenas 0,9% este ano, o mesmo do ano passado; e Espanha, embora continue com um crescimento acima da média, perde fôlego: depois de progredir 3,2% no ano passado, prevê-se que avance 2,3% este ano, passando para 2,1% no ano seguinte. Na Holanda o cenário é o mesmo: a um crescimento de 2,1% em 2016 seguem-se variações de 2% e 1,8%.

Na Grécia a trajectória é a inversa: depois de um crescimento tépido em 2016, estimado nos 0,3%, Bruxelas prevê que a economia suba 2,7% este ano e 3,1% em 2018. Para a Irlanda, depois de um crescimento robusto de 4,3%, espera-se que cresça 3,4% este ano, seguido de uma variação de 3,3% no próximo.

Como dados positivos, Bruxelas enumera a aceleração global das economias, o facto de pela primeira vez numa década todos os países da UE crescerem “ao longo de todo o período das previsões (2016, 2017 e 2018)”, o facto de o crescimento do emprego contribuir para reduzir o desemprego e de os países estarem a reduzir os défices.

Mas as revisões são ligeiras, quer nuns casos, quer noutros, e é a própria equipa de economistas de Bruxelas que reconhece que as perspectivas “são afectadas por uma incerteza maior do que o habitual”. As razões são conhecidas: resultam das “intenções da nova administração dos EUA em importantes domínios de intervenção, que ainda deverão ser esclarecidas, bem como dos numerosos processos eleitorais que irão decorrer na Europa este ano [Holanda, França, Alemanha e eventualmente Itália] e das futuras negociações relativas à aplicação do artigo 50.º pelo Reino Unido”.

Se “os estímulos orçamentais nos Estados Unidos poderão ter um impacto mais forte sobre o crescimento do que se prevê actualmente”, há outros riscos, diz a Comissão Europeia, referindo a saída do Reino Unido da UE, as “potenciais perturbações comerciais” para a Europa, a redução do programa de estímulos económicos nos Estados Unidos ou as “potenciais consequências da dívida na China”.