Espanha
Este país é para centenários
Espanha tem a segunda maior esperança média de vida, logo a seguir ao Japão.
Hoje com 102 anos, Maximiano San Miguel descobriu o gosto pelo teatro aos 80 anos e já participou em várias produções locais. Pedro Rodriguez, que já tem 106 anos, toca piano diariamente na sala de estar. Rafaela Pons, 102, é uma apoiante fervorosa do Real Madrid e todos os dias toma uma colher cheia de mel. Estes são apenas três dos testemunhos que Andrea Comas recolheu ao longo do ano que percorreu Espanha em busca de centenários.
A fotojornalista da agência Reuters encontrou, na sua maioria, pessoas que continuam a alimentar um entusiasmo constante pela vida. Muitos deles continuam a levar a cabo tarefas diárias que já executam há anos, como o trabalho agrícola.
Com mais de 100 mil pessoas com 100 ou mais anos, Espanha é o país com a maior esperança média de vida logo a seguir ao Japão. De acordo com os últimos dados estatísticos disponibilizados pela OCDE, em 2013, a esperança média de vida dos espanhóis é de 83,2 anos – os nipónicos apresentam uma média ligeiramente superior de 83,4 anos.
No seu périplo por Espanha, Andrea Comas diz ter encontrado idosos que, na sua maioria, se encontravam rodeados pela família ou em contacto constante com familiares. Francisco Nunez, com 112 anos, é um desses casos. Vive com a filha, já octogenária, na sua casa em Badajoz. Diz não gostar do centro de dia porque está cheio de idosos.
Quando questionados acerca das suas memórias mais vívidas, muitos deles remetem para a Espanha da Guerra Civil, entre 1936 e 1939, porque colocou vizinhos contra vizinhos e teve como resultado centenas de milhares de vítimas mortais e 36 anos de um regime ditatorial liderado por Francisco Franco.
Uma colher cheia de mel por dia ou uma dose de gaspacho ingerida regularmente são alguns dos segredos de longevidade que estes centenários confidenciaram à fotojornalista espanhola. Gumersindo Cubo, 101 anos, natural de Avila, tem outro segredo para ter chegado a uma idade tão avançada. Tudo se deve a uma infância passada numa casa no meio das florestas com os seus oito irmãos e irmãs. O pai era guarda florestal. A longevidade deve-se “a ter inalado a resina dos pinheiros dos bosques onde vivia em criança”, garante.