O filho tirano

A Infância de um Líder é um filme singular e confrontacional, entre Carax, Kubrick e Von Trier, que parece mais interessado em impressionar do que em convencer.

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A Infância de um Líder mostra que o americano Brady Corbet não está interessado em ser apenas mais um actor a experimentar a realização: são muito poucos os estreantes a arriscar um objecto confrontacional e esquivo como este, alegoria opaca e esteta (até um pouco convencionalmente freudiana) da família como cadinho da personalidade na Europa do pós-Primeira Grande Guerra. Corbet não é modesto: o filme, sumptuosamente fotografado pelo britânico Lol Crawley e acompanhado por uma tonitruante banda-sonora de Scott Walker, coloca-se nas pegadas de gente como Léos Carax, Stanley Kubrick, Gaspar Noé ou Lars von Trier, entre a precisão meticulosa de uma narrativa em crescendo de inevitabilidade e o histrionismo emocional de actores que são autênticas panelas de pressão à beira da explosão. No entanto, e de modo quase paradoxal, A Infância de um Líder passa o tempo a querer impressionar o espectador, a esmagá-lo com a inteligência da sua armação e a demonstração do seu virtuosismo.

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A Infância de um Líder mostra que o americano Brady Corbet não está interessado em ser apenas mais um actor a experimentar a realização: são muito poucos os estreantes a arriscar um objecto confrontacional e esquivo como este, alegoria opaca e esteta (até um pouco convencionalmente freudiana) da família como cadinho da personalidade na Europa do pós-Primeira Grande Guerra. Corbet não é modesto: o filme, sumptuosamente fotografado pelo britânico Lol Crawley e acompanhado por uma tonitruante banda-sonora de Scott Walker, coloca-se nas pegadas de gente como Léos Carax, Stanley Kubrick, Gaspar Noé ou Lars von Trier, entre a precisão meticulosa de uma narrativa em crescendo de inevitabilidade e o histrionismo emocional de actores que são autênticas panelas de pressão à beira da explosão. No entanto, e de modo quase paradoxal, A Infância de um Líder passa o tempo a querer impressionar o espectador, a esmagá-lo com a inteligência da sua armação e a demonstração do seu virtuosismo.

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Resulta um filme intrigante, determinado, mas algo exangue, cujo maior mérito é escapar ao convencionalismo da maioria do cinema de autor contemporâneo e recuperar um pouco das experiências sem rede dos anos 1970.A Infância de um Líder mostra que o americano Brady Corbet não está interessado em ser apenas mais um actor a experimentar a realização: são muito poucos os estreantes a arriscar um objecto confrontacional e esquivo como este, alegoria opaca e esteta (até um pouco convencionalmente freudiana) da família como cadinho da personalidade na Europa do pós-Primeira Grande Guerra. Corbet não é modesto: o filme, sumptuosamente fotografado pelo britânico Lol Crawley e acompanhado por uma tonitruante banda-sonora de Scott Walker, coloca-se nas pegadas de gente como Léos Carax, Stanley Kubrick, Gaspar Noé ou Lars von Trier, entre a precisão meticulosa de uma narrativa em crescendo de inevitabilidade e o histrionismo emocional de actores que são autênticas panelas de pressão à beira da explosão. No entanto, e de modo quase paradoxal, A Infância de um Líder passa o tempo a querer impressionar o espectador, a esmagá-lo com a inteligência da sua armação e a demonstração do seu virtuosismo. Resulta um filme intrigante, determinado, mas algo exangue, cujo maior mérito é escapar ao convencionalismo da maioria do cinema de autor contemporâneo e recuperar um pouco das experiências sem rede dos anos 1970.