A nostalgia já não é o que era

Café Society é a prova que Woody Allen ainda consegue surpreender, mesmo dentro das suas coordenadas de sempre .

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Talvez o nosso problema com Woody Allen seja termos colocado a fasquia demasiado alta e, ao fim destes anos todos, ainda querermos que o cineasta americano a consiga ultrapassar com cada novo filme - o que é, admitamos, bastante difícil, quando não impossível. Mas Café Society é a prova que as surpresas ainda são possíveis, mesmo que o novo filme pareça dispor as mesmas peças de sempre no tabuleiro, remetendo para uma versão Hollywoodiana das crónicas nostálgicas de Os Dias da Rádio ou para uma variação mais realista da desmontagem dessa mesma nostalgia em Meia-Noite em Paris.

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Talvez o nosso problema com Woody Allen seja termos colocado a fasquia demasiado alta e, ao fim destes anos todos, ainda querermos que o cineasta americano a consiga ultrapassar com cada novo filme - o que é, admitamos, bastante difícil, quando não impossível. Mas Café Society é a prova que as surpresas ainda são possíveis, mesmo que o novo filme pareça dispor as mesmas peças de sempre no tabuleiro, remetendo para uma versão Hollywoodiana das crónicas nostálgicas de Os Dias da Rádio ou para uma variação mais realista da desmontagem dessa mesma nostalgia em Meia-Noite em Paris.

O olhar para um passado dourado do cinema e da sociedade americanas, fotografado em tons requintadamente luxuosos por Vittorio Storaro, esconde por trás do deslumbre a compreensão de que há sonhos que vão sempre ficar por concretizar, oportunidades que vão ficar por aproveitar, decisões que vão levar a outros caminhos. Essa compreensão, sublimemente transmitida por Kristen Stewart e Jesse Eisenberg em grande forma, faz de Café Society numa espécie de gémeo resignado de época do Match Point que continua a ser o grande Allen dos últimos anos.