“Este PS acha que, no fundo, o BE tem razão”

Passos reafirma o seu partido enquanto social-democrata e diz que o actual Governo está a recentrar o PSD, com uma radicalização “patente”.

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Na última campanha eleitoral, reafirmou-se como social-democrata. Como vê tentativas de renovação das políticas sociais-democratas que este Governo diz estar a ensaiar?
Não estou a ver políticas sociais-democratas em ensaio, nem em laboratório, neste Governo. Nós em Portugal estamos um pouco poupados a essa crise, na medida em que soubemos sempre ao longo dos anos colocar o PSD como um partido que respeita os valores da social-democracia, mas não os estabelece como um contraponto à economia social de mercado. E a grande crise da maior parte dos partidos sociais-democratas resulta do facto e não conseguirem, dentro de um contexto de fraca demografia, de fraco crescimento, de maiores responsabilidades orçamentais e de restrição com a dívida, governar sem pôr em risco o aparecimento de populismos. Nós não tivemos esse problema. Porquê? Eu creio que por termos vivido um processo de ameaça de um totalitarismo de esquerda na sequência da revolução de 74. E os excessos que foram cometidos na altura empurraram a maior parte das forças ditas democráticas, como eram chamadas as forças à direita do PCP, na posição de lutar. E isso deu ao PSD a marca do partido da sociedade civil. Portanto, o PSD em bom rigor é um partido social-democrata, mas também tem uma raiz popular, que vem de ser um partido muito realista, que se opõe ao totalitarismo, à estatização e que defende a iniciativa individual e a sociedade civil. Uma vez que nunca nos colocamos no posicionamento ultraliberal de considerar que o mercado, sozinho, resolve tudo, não passámos pelos dramas de muitos dos partidos sociais-democratas de outros países. Por isso lidamos bem com os nossos princípios. Já o PS não. O PS está a fazer uma inflexão muito relevante.

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Na última campanha eleitoral, reafirmou-se como social-democrata. Como vê tentativas de renovação das políticas sociais-democratas que este Governo diz estar a ensaiar?
Não estou a ver políticas sociais-democratas em ensaio, nem em laboratório, neste Governo. Nós em Portugal estamos um pouco poupados a essa crise, na medida em que soubemos sempre ao longo dos anos colocar o PSD como um partido que respeita os valores da social-democracia, mas não os estabelece como um contraponto à economia social de mercado. E a grande crise da maior parte dos partidos sociais-democratas resulta do facto e não conseguirem, dentro de um contexto de fraca demografia, de fraco crescimento, de maiores responsabilidades orçamentais e de restrição com a dívida, governar sem pôr em risco o aparecimento de populismos. Nós não tivemos esse problema. Porquê? Eu creio que por termos vivido um processo de ameaça de um totalitarismo de esquerda na sequência da revolução de 74. E os excessos que foram cometidos na altura empurraram a maior parte das forças ditas democráticas, como eram chamadas as forças à direita do PCP, na posição de lutar. E isso deu ao PSD a marca do partido da sociedade civil. Portanto, o PSD em bom rigor é um partido social-democrata, mas também tem uma raiz popular, que vem de ser um partido muito realista, que se opõe ao totalitarismo, à estatização e que defende a iniciativa individual e a sociedade civil. Uma vez que nunca nos colocamos no posicionamento ultraliberal de considerar que o mercado, sozinho, resolve tudo, não passámos pelos dramas de muitos dos partidos sociais-democratas de outros países. Por isso lidamos bem com os nossos princípios. Já o PS não. O PS está a fazer uma inflexão muito relevante.

Há uma radicalização do PS?
Não tenho dúvida, ela está patente. O PS que fez connosco a primeira e a segunda revisão constitucional, a política e a económica, esse PS, hoje, não está representado no Governo nem na direcção socialista. Pelo contrário. Hoje, esse PS acha que, no fundo, o BE tem razão. No fundo, eles gostariam de poder dizer com enorme liberdade o que diz o BE, têm é medo de perder o eleitorado moderado. Mas há aqui apenas um desfasamento temporal, porque o PS ainda não diz exactamente o que o BE diz, mas vai fazendo muito o que o BE e o PCP querem. O PS está no Governo hoje a evidenciar uma práxis governativa que é devedora de uma lógica antieuropeia, anti-mercado, estatizante, desconfiada da sociedade civil, que não era a sua tradição. E é isso que ajuda a centrar ainda mais o PSD. Não é o laboratório social deste Governo.