Lisboa tem mais dois museus Berardo a caminho

O empresário Joe Berardo diz estar a preparar a abertura de dois novos espaços expositivos, um em Alcântara para a sua colecção de arte déco e outro no Bairro Alto para a africana. “A minha intenção é abrir no ano que vem."

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O empresário Joe Berardo não tem apenas uma colecção, tem sete. Ou, se quisermos, tem uma dividida em sete núcleos que pouco ou nada têm a ver uns com os outros. E agora não está a preparar-se para abrir um, mas dois museus em Lisboa – um dedicado à arte déco, outro à africana.

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O empresário Joe Berardo não tem apenas uma colecção, tem sete. Ou, se quisermos, tem uma dividida em sete núcleos que pouco ou nada têm a ver uns com os outros. E agora não está a preparar-se para abrir um, mas dois museus em Lisboa – um dedicado à arte déco, outro à africana.

“Quero abrir o museu da arte déco, com a colecção que tem uma pequena parte aqui na adega da Bacalhoa [o empresário é dono da Quinta da Bacalhoa, em Azeitão, e da JP Vinhos] e o resto em armazém. O prédio já está em obras, mas infelizmente tem ainda muita coisa para ser feita”, disse Berardo ao PÚBLICO ao início da tarde desta quinta-feira, confirmando, assim, uma possibilidade avançada pelo jornal online Observador.

O edifício a que se refere é em Alcântara e deverá ter a primeira fase da obra – a da fachada, que exigiu trabalhos na cobertura de azulejo e nas caixilharias de portas e janelas – concluída em duas semanas. “É um espaço de 1800 metros quadrados onde só cabe uma pequenina parte da colecção, muito pequenina mesmo. Precisa de ser muito mexido por dentro para receber o museu e muitas pessoas, mas fiquei surpreendido por perceber que a estrutura, que tem muito ferro, aguenta. É um prédio antigo mas especial”, acrescentou o empresário que está neste momento a negociar a permanência da sua colecção de arte moderna e contemporânea no Centro Cultural de Belém (CCB), onde está instalada desde 2007.

Quanto ao novo museu para a colecção de arte africana, poderá vir a nascer no Bairro Alto, no n.º 34 da Rua da Atalaia, num edifício que já foi ocupado pela designer de moda Fátima Lopes. Berardo não dá a sua instalação neste local como definitiva porque teve uma oferta de compra do edifício, cuja negociação está ainda em curso: “Se a pessoa que quer comprar o prédio não oferecer o valor que eu quero, não vendo. E se não vender, ponho lá a arte africana”, adiantou Joe Berardo, que até ao fim do mês tomará uma decisão sobre o edifício do Bairro Alto.

“A minha intenção é abrir os dois museus no ano que vem”, diz, “isso é o que eu quero, mas temos que ver se podemos”. Os planos para as obras em Alcântara “estão a andar” e o edifício da Rua da Atalaia “está completamente pronto por dentro, com ar condicionado e tudo, só falta pintar por fora”.

Também até ao fim do mês deverão estar concluídas as negociações com o Ministério da Cultura no que diz respeito ao Museu Colecção Berardo do CCB. O acordo de cedência de obras celebrado entre o Estado e o empresário que permitiu mostrar ao público português e estrangeiro o seu acervo de arte moderna e contemporânea nos últimos dez anos chega ao fim a 31 de Dezembro. Na entrevista que deu ao PÚBLICO no Verão, o ministro da Cultura Luís Filipe Castro Mendes, que institucionalmente representa o Estado nestas negociações, garantiu que tudo se estava a encaminhar para uma “solução razoável”, sendo essa solução a colecção permanecer onde está, em Belém.

“Não tenho razões nenhumas para acreditar que as coisas estão a mudar”, disse hoje Joe Berardo. “O senhor ministro [da Cultura] e o senhor primeiro-ministro têm estado muito ocupados com o Orçamento, mas até ao final do mês devemos ter novidades.”

O acervo de arte déco de Joe Berardo é, de acordo com a página oficial da colecção do empresário, composto por mais de 300 peças, um lote que inclui pintura, escultura, mobiliário, cerâmica, cristais e outros objectos produzidos no âmbito deste movimento artístico que despontou na Europa nos anos 1920. Neste conjunto estão representados criadores como René Lalique, Emile-Jacques Ruhlmann, Jules Leleu, Jean Perzel e Edgar Brandt.

Em 2011 chegou a ser anunciado que esta colecção, que já esteve exposta em Serralves, no Porto, ou na Casa das Mudas, na Madeira, ficaria instalada permanentemente no matadouro municipal do Funchal, que seria então transformado num centro cultural.