Sabe qual foi o episódio que o prendeu ao resto da série? Este estudo responde

Netflix divulga estudo sobre o momento em que os utilizadores do serviço de streaming ficaram agarrados a uma série. Pela primeira vez, há dados para Portugal: se a nível global foram precisos três episódios de Narcos para convencer, por cá bastaram dois.

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Bastaram dois episódios para os portugueses não largarem Narcos DR

Há um momento, um episódio, em que é preciso decidir: vale a pena continuar a ver esta série ou é melhor desistir e partir para outra? O primeiro episódio quase nunca chega para se perceber. Afinal, ainda não conhecemos bem a história, queremos ver um pouco mais, conhecer melhor aqueles personagens, para então decidir se a devoramos ou não. O Netflix pode não divulgar números de audiências, embora de vez em quando os seus responsáveis lá deixem escapar uma ou outra informação, mas a sua base de dados global – mais de 83 milhões de subscritores em todo o mundo – permite perceber qual o episódio específico que determinou o sucesso da série. Ou seja, quando é que decidimos que a vamos ver até ao fim.

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Há um momento, um episódio, em que é preciso decidir: vale a pena continuar a ver esta série ou é melhor desistir e partir para outra? O primeiro episódio quase nunca chega para se perceber. Afinal, ainda não conhecemos bem a história, queremos ver um pouco mais, conhecer melhor aqueles personagens, para então decidir se a devoramos ou não. O Netflix pode não divulgar números de audiências, embora de vez em quando os seus responsáveis lá deixem escapar uma ou outra informação, mas a sua base de dados global – mais de 83 milhões de subscritores em todo o mundo – permite perceber qual o episódio específico que determinou o sucesso da série. Ou seja, quando é que decidimos que a vamos ver até ao fim.

Os números não diferem muito de país para país mas em Portugal, que pela primeira vez tem dados revelados, há uma série que se destaca: Narcos, a história do narcotráfico no retrato do seu maior traficante, Pablo Escobar. Dois episódios bastaram para que os utilizadores portugueses decidissem seguir caminho na história – a nível global a média aponta para os três episódios.

Excerto do episódio de Narcos que a nível global "agarrou" os utilizadores

Importa referir que nestas contas estão apenas as primeiras temporadas de cada série. De acordo com a metodologia do estudo, encomendado pelo serviço de streaming, os episódios viciantes, digamos assim, foram primeiro identificados em cada país para depois se encontrar a média global. E como é que se encontra este episódio fulcral? Quando 70% dos espectadores que o viram acabaram por completar a série, lê-se no comunicado do Netflix, que acrescenta que este estudo não procura analisar o sucesso das produções em termos de audiências mas apenas o comportamento dos utilizadores face à história.

Se em Portugal Narcos é a série que se destaca quando comparados os dados nacionais e os internacionais, em termos globais percebe-se que os títulos mais viciantes são Anatomia de Grey, Orphan Black, Stranger Things, The 100, The Fall, The Get Down e The Last Kingdom. Para todos, dois episódios bastaram para que os utilizadores do serviço decidissem ver tudo até ao fim. De notar apenas, que nem todas as séries estão disponíveis simultaneamente em todos os países. Por exemplo, por cá Anatomia de Grey ainda não chegou ao serviço, sendo apenas possível seguir a série mais bem sucedida de Shonda Rhimes no Foxlife (a 13.ª temporada estreia-se no próximo dia 28).

Mas a verdade é que os comportamentos no consumo da televisão não diferem assim tanto. Também por cá Stranger Things causou sensação. No Verão não se falou de outra coisa e a verdade é que a história paranormal em que um grupo de miúdos se vê envolvido, à moda de Steven Spielberg e Stephen King, fez-nos querer ver mais logo ao segundo trecho, tal como os vikings de The Last Kingdom nos apanharam ao segundo episódio.

Já para nos viciarmos em Orphan Black foi preciso mais um episódio do que os dois da média global – os mesmos que nos fizeram ver a comédia romântica Love, o trama político francês Marseille ou Viola Davis no papel de professora e advogada a defender os maus da fita em Como Defender um Assassino (no Netflix apenas a primeira temporada está disponível, a série passa no AXN e ainda não se sabe quando se estreia por cá a terceira temporada).

E se no final do ano passado, a série documental Making a Murder, sobre Steven Avery, actualmente a cumprir pena pelo homicídio da fotógrafa Teresa Albach em 2005, nos pôs a todos a questionar a justiça norte-americana, obrigando até o Presidente Barack Obama a pronunciar-se sobre o assunto, ficamos a saber com este estudo do Netflix que não foi imediato o impacto. O quarto episódio é determinante, não só na história – Brendan Avery, de 16 anos, confessa ter participado na violação e homicídio de Albach com o tio – mas também na decisão de seguir o enredo até ao fim.

Excerto do episódio de Making a Murderer que a nível global "agarrou" os utilizadores

O mesmo se passou com Fuller House, Prison Break, The Ranch ou a terceira aventura da Marvel no serviço de streaming, Jessica Jones.

Gotham, que nos dá o Batman antes de ser Batman, quando ainda era só um miúdo, numa cidade já negra e necessitada de heróis, tem mais dificuldade com conquistar. A série, actualmente na terceira temporada (a passar na Fox, no Netflix apenas está disponível a primeira temporada), convence os portugueses apenas ao oitavo episódio – a nível global, o sétimo é o episódio mais viciante.

Os dados para esta pesquisa foram obtidos através das contas de membros do serviço de streaming que começaram a ver a primeira temporada das séries seleccionadas, entre Janeiro a Agosto de 2015 para Argentina, Austrália, Brasil, Bélgica, Canadá, Colômbia, Chile, Dinamarca, EUA, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, México, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Peru, Reino Unido e Suécia, e entre Janeiro a Agosto de 2016 para África do Sul, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Filipinas, Hong Kong, Índia, Itália, Japão, Malásia, Polónia, Portugal, Singapura, Taiwan e Turquia.

“Sabemos que as grandes histórias têm o seu quê de universal. A Internet permite-nos partilhar estas histórias com um público global e o que os dados nos dizem é que os nossos membros reagem de forma muito semelhante", reagiu em comunicado Cindy Holland, vice-presidente de conteúdos originais no Neflix. “Aquilo que descobrimos deu-nos a confiança de que há uma procura por conteúdos únicos e originais por todo o mundo, razão pela qual estamos muito empolgados com a variedade de histórias que oferecemos aos nossos membros, sejam elas dramas políticos em França ou dramas musicais no Bronx.”