Assassinos “honrados”

Com tradições destas, não admira que mil “estados islâmicos” floresçam.

Aqsa e Shakeel, casados, raptados e mortos a tiro; Qandeel, drogada e estrangulada; Zeenat, atraída a uma armadilha e queimada viva. Podiam ter sido crimes do Daesh, esse tristemente célebre califado de facínoras, mas não foram. Foram crimes de “honra”. Não sabem o que é? Expliquemos. No Paquistão, devido a uma antiga e tenebrosa tradição, as famílias costumam matar os membros que lhes trazem “desonra”. Ou seja: jovens que casam por amor e a contragosto dos pais ou mulheres que defendem os seus direitos e recusam ser escravas do obscurantismo.

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Aqsa e Shakeel, casados, raptados e mortos a tiro; Qandeel, drogada e estrangulada; Zeenat, atraída a uma armadilha e queimada viva. Podiam ter sido crimes do Daesh, esse tristemente célebre califado de facínoras, mas não foram. Foram crimes de “honra”. Não sabem o que é? Expliquemos. No Paquistão, devido a uma antiga e tenebrosa tradição, as famílias costumam matar os membros que lhes trazem “desonra”. Ou seja: jovens que casam por amor e a contragosto dos pais ou mulheres que defendem os seus direitos e recusam ser escravas do obscurantismo.

O caso mais recente, e mais mediático, foi o de Qandeel Baloch, 25 anos, que se tornara uma vedeta nas redes sociais, onde aparecia sempre penteada e maquilhada e onde falava sobre livre expressão, direitos das mulheres e trivialidades da vida quotidiana. Tudo terríveis crimes, como é bom de ver. O irmão, escandalizado, drogou-a e estrangulou-a. Sem nenhum arrependimento, pelo contrário, com orgulho: “Trazia desonra à nossa família.” Além disso, para Waseem, o irmão assassino, “as mulheres nasceram para ficar em casa.”

Já Aqsa Bibi, 22 anos, ousou casar com Shakkel Ahmed, de 26, engravidando dele. Familiares raptaram-nos, mataram-nos a tiro e atiraram-nos a um canal. “Honra”, claro. O casamento não tinha sido aprovado.

Como não o foi o de Zeenat Bibi, 16 anos, que casou em segredo com o namorado, Hasan Khan. A família armou-lhe uma cilada: disse-lhe para voltar a casa (ela fugira) para uma festa de casamento. Pois bem: foi a própria mãe que a atou a uma cabana, a regou com querosene e a matou, queimando-a viva. “Honra”, sem dúvida.

A lista de horrores é enorme e inclui lapidações (apedrejamentos até à morte), decapitações e outros exercícios de “honrar” cidadãos. Com tradições destas, mantidas em vários países muçulmanos por sinistras criaturas, não admira que mil “estados islâmicos” floresçam. Quem mata os seus, mata qualquer um. Eh, e os senhores? Por acaso não serão ímpios?