Museus usam caça de Pokémons para atrair visitantes

Instituições como o Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque e o British Museum, em Londres, são locais de caça de Pokémons.

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O Pokémon Go tem 26 milhões de utilizadores diários só nos EUA AFP PHOTO/STEFAN HEUNIS

Durante os meses de Verão, levar as pessoas a entrar nos museus para apreciar arte é sempre mais difícil, uma vez que o sol e o calor convidam às actividades ao ar livre. No entanto, o aparecimento do jogo Pokémon Go, no início do mês, é um incentivo que está a ser usado de forma criativa pelos museus.

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Durante os meses de Verão, levar as pessoas a entrar nos museus para apreciar arte é sempre mais difícil, uma vez que o sol e o calor convidam às actividades ao ar livre. No entanto, o aparecimento do jogo Pokémon Go, no início do mês, é um incentivo que está a ser usado de forma criativa pelos museus.

Com 26 milhões de utilizadores diários apenas nos Estados Unidos e um lucro de 14 milhões de euros em mais de 25 países, o jogo permite aos utilizadores apanhar as conhecidas personagens dos anos 1990 no smartphone através de um mapa com GPS e utiliza como fundo o cenário do mundo real. Os jogadores podem apanhar Pokémons nas chamadas Pokéstops, locais assinalados na aplicação onde também podem ganhar pontos.

O jogo de realidade aumentada tem, no entanto, causado alguma controvérsia. Já se registaram assaltos, quedas de falésias e a uma enchente no Central Park, em Nova Iorque, devido ao aparecimento de um Pokémon raro. Mas há negócios, nos Estados Unidos, que estão a beneficiar das suas localizações perto de Pokéstops e até a procurar inserir-se no jogo. Os museus também não escapam à febre do Pokémon Go e querem atrair jovens visitantes e aumentar a venda de bilhetes, em cidades como Los Angeles, Nova Iorque, Texas e Boston.

#PokemonGo is my favorite invention

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O Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque, tem duas Pókestops, uma delas à entrada do museu, que não exige que os utilizadores visitem as galerias e outra dentro do edifício onde, actualmente, decorrem as exposições de Tony Oursler e Rachel Harrison.

O edifício do Museu de Arte de Filadélfia tem oito Pokéstops. A directora de marketing digital, Chessia Kelley, que ajudou a criar um encontro de fãs de Pokémon durante a hora do museu em que o visitante paga o valor que quiser, diz ao jornal britânico The Guardian que o museu está “feliz por alinhar na brincadeira criativa”. A decisão não pretende aumentar a venda de bilhetes, mas sim encorajar os utilizadores a visitar o museu numa hora que é acessível para todos.

De facto, o número de visitantes aumentou 13% em relação à semana anterior durante o encontro de fãs de Pokemon, e quando comparado com a mesma altura no ano passado o crescimento é de 25% (e 37% superior comparativamente à média dos primeiro quatro meses do ano).

A diferença entre os jogadores que se tornam visitantes e os utilizadores apenas obcecados em apanhar Pokémons é notória, pois estes últimos apenas vêem a arte no fundo dos ecrãs enquanto procuram fazer mais pontos. “Muitas pessoas juntam-se nas galerias onde estão as Pokéstops e esperam aí vários minutos para ver o que conseguem apanhar antes de avançar para outros locais”, disse Kelley.

Para além do uso das Pókestops como isco para atrair visitantes, há museus que aderiram à febre da aplicação por uma questão cultural. É o caso do Morikami Museum and Japanese Gardens, na Flórida, que, ao usar o jogo, homenageia o designer de jogos Satoshi Tajiri, que criou as personagens em 1995.

O museu tem 15 Pokestops e sofreu um pico nas visitas desde o lançamento da aplicação. “Descobrimos que as pessoas que vêm cá pelo jogo, voltam depois para experienciar o museu e os jardins e pela oportunidade de 'apanhá-los todos' num cenário idílico”, afirmou a responsável de marketing Mónika Amar.

Apesar de funcionar como uma grande atracção nos museus, a popularidade do jogo também tem o seu lado negativo. Na página de Facebook do Morikami foram publicadas fotografias do jardim vandalizado por caçadores de Pokémons, que foram apanhados a subir às árvores e gravaram o nome da sua equipa numa delas. Kandi Kalstar, uma visitante com assinatura anual do museu, mostrou o seu descontentamento no seu canal de youtube: “Estou triste com o facto de o meu sítio calmo e sossegado estar marcado por idiotas à procura de Pokémons”.

O Museu do Memorial do Holocausto pediu aos criadores do Niantic Labs para remover as Pokéstops do edifício. “Jogar Pokémon Go num memorial dedicado às vítimas do nazismo é extremamente inapropriado”, disse Andrew Hollinger, director de comunicação do museu. Foi colocada uma imagem na Internet de um Koffing, um Pokémon conhecido pelo gás venenoso que emite, que apareceu no Auditório Helena Rubenstein, onde se encontram testemunhos de judeus que sobreviveram às câmaras de gás nazis. “A tecnologia pode ser uma importante ferramenta de aprendizagem, mas este jogo sai da nossa missão de memorial e educação.”

O McNay Art Museum, em San Antonio, no Texas, espera, segundo Julie Ledet, directora de comunicações do museu, “que o jogo chame jovens visitantes e possa promover a entrada grátis para menores de 19 anos”. Alguns dos Pokémons estão escondidos no pátio do museu, enquanto outras estão escondidos em obras de Pablo Picasso, Vincent van Gogh e Claude Monet.

O laranja Charmander já foi avistado nas galerias do British Museum e do Boston’s Museum of Fine Arts, e o Pikachu parece atraído pela electricidade e luz da obra de Dan Flavin, no Crystal Bridges Museum. O Art Institute of Chicago contabiliza 14 Pokéstops. A caça aos Pokémons veio para ficar, mas resta saber se a maior aflluência aos museus de olhos pregados nos ecrãs não deixará a apreciação da arte em risco.